Esse domingo foi muito especial na vida de uma família mineira residente há 10 meses em Belém (PA). Pela primeira vez, o bancário Marcos Fernando Resende Oliveira, a mulher, Regina, e a filha, Luana Karine, fisioterapeuta, de 25 anos, participaram de um dos maiores eventos religiosos do mundo: a procissão do Círio de Nazaré, acompanhada durante quase quatro quilômetros por cerca de 2 milhões de pessoas. “É muito emocionante ver o povo nas ruas, movido por uma fé imensa”, disse Marcos, que, com a família, esteve no último sábado no cortejo fluvial, uma das 12 romarias realizadas este mês para homenagear a padroeira do estado, também proclamada Rainha da Amazônia. A tradicional festa no segundo domingo de outubro teve à frente o arcebispo metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira, mineiro de Nova Lima.
Lembrando que o Círio de Nazaré é comemorado como o Natal dos paraenses, com grande confraternização, Marcos e a família, naturais de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vestiram camisas com a imagem e presenciaram cenas que vão ficar gravadas na memória. “Muitas pessoas cumpriram o trajeto de joelhos. Para ajudá-las, voluntários iam à frente, cobrindo de papelão o asfalto, para que elas não se ferissem”, afirmou o bancário. “Olhando a procissão fluvial de sábado, no Rio Guamá, que banha Belém, nós recarregamos as baterias. Todas as romarias têm uma energia muito boa”, afirmou. Nos dias que antecedem o Círio, há cortejos rodoviários, de bicicleta e outras modalidades, que arrebanham milhares de pessoas. Só este ano, de acordo com a Secretaria de Estado do Turismo, 85 mil visitantes de outros estados chegaram ao Pará a fim de “viver a experiência” do Círio.
Natural do Maranhão e residente em Belém há mais de 40 anos, a bancária aposentada Ieda Maria Lopes, de 64 anos, se considera a “a maranhense mais paraense da cidade”. Ela conta que, quando mais jovem, seguia a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré todos os anos, da Catedral da Sé ao Santuário Basílica dedicado à padroeira. “Hoje vejo todos os detalhes um pouco de longe, mas participo de tudo. Desta vez, até abracei o padre Fábio de Melo, que estava na Varanda do Círio”, contou Ieda. A varanda é um ponto famoso, que reúne políticos, artistas e outros visitantes. A cada ano fica em um local estratégico. Desta vez, foi a Estação das Docas, sendo capitaneada pela cantora Fafá de Belém. Feliz com as celebrações, Ieda disse que amigos e parentes fazem, no domingo, o concorrido almoço do Círio, com pratos típicos, como o pato
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Além de uma festa católica, o Círio de Nazaré é importante manifestação cultural paraense. Em dezembro de 2013, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu a festividade como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade. As romarias oficiais ocorrem há mais de 200 anos. A mais longa procissão do Círio ocorreu em 2004. O mesmo trajeto de 3,6 quilômetros foi percorrido em nove horas e 15 minutos. Naquele ano, a festividade foi registrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como patrimônio cultural de natureza imaterial.
Durante o cortejo de ontem, voluntários da Força Estadual de Saúde e da Cruz Vermelha prestaram ajuda aos devotos que se sentiram mal. No próximo fim de semana, haverá mais seis romarias. Para quem acompanhou o Círio, ficou a mensagem de fé, de beleza, com as casas enfeitadas especialmente para a procissão, e de agradecimento, com a passagem dos romeiros carregando objetos de cera que simbolizam graças alcançadas. (Com agências)