Tempo seco, altas temperaturas, fogo sem controle em área de preservação, demora de bombeiros e pessoas apavoradas com a aproximação das chamas de suas casas. Essa combinação alimentou um incêndio de grandes proporções na Serra do Curral, em torno de moradias do Comiteco, ao lado ao Mangabeiras, bairros nobres da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. As chamas, que chegaram a atingir o muro de um dos imóveis, deixaram moradores da área assustados e indignados com a demora dos militares do Corpo de Bombeiros, que levaram duas horas até chegar para atender a ocorrência. É a terceira vez em três dias que o fogo assusta comunidades da Região Sul da capital. No domingo, em situação parecida, o foco foi em parte da Mata do Cercadinho, localizada entre o Belvedere e Nova Lima, na Grande BH, em uma área que voltou a arder no dia seguinte, exigindo inclusive a ação de helicóptero.
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Incêndio atinge a Serra do Curral na Região Centro-Sul de BHBombeiros combatem incêndio na Mata do CercadinhoBombeiros controlam incêndio de grandes proporções em galpão na Região do BarreiroAcidentes e incêndio em veículo complicam ainda mais a saída para o feriado em MGIncêndio no maior albergue de BH deixa 200 pessoas desabrigadasFogo na Serra do CurralReunião deve avaliar estragos causados pelos incêndios em Minas GeraisTubulação de água depredada prejudicou combate a incêndio na Serra do CurralBombeiros e brigadistas combatem incêndio no Pico da IbiturunaO advogado Marcus Freitas, de 52, há 11 anos morador da Rua João Ceschiatti, afirma que também ligou para o 193, mas não conseguiu convencer os atendentes sobre o risco de o fogo atingir imóveis.
O temor do advogado foi mais concreto para a doméstica Georgina de Jesus, de 53, que, ao lado da neta, Aida, de 9, estava na sacada da casa mais atingida pelas labaredas, no terreno entre as Ruas João Ceschiatti e Alcides Pereira Lima. “Liguei mais de uma vez para os bombeiros. Meus patrões estão viajando e não sei o que fazer.
A primeira viatura do Corpo de Bombeiros, uma caminhonete cabine dupla, chegou ao local às 20h39, com cinco militares. Quatro deles desceram pelo terreno com bombas costais, para apagar focos abaixo do mirante da Alcides Pereira Lima. Nesse momento, as chamas que devastaram uma área de pelo menos três hectares do terreno acima da Rua Ministro Vilas Boas, distante dos imóveis residenciais, tinham se apagado sozinhas. Um dos militares contou que a equipe estava vindo de outro incêndio em mata no Bairro Nacional, em Contagem, na Região Metropolitana de BH. O comando do Corpo de Bombeiros foi procurado para falar sobre as razões para a demora no atendimento à ocorrência no Comiteco, mas ninguém se pronunciou.
VULNERÁVEL Os incêndios na chamada mata do Comiteco são frequentes em período de estiagem, já que a vegetação rasteira fica bastante seca e sujeita a combustão. Em agosto de 2013, um incêndio de grande proporção na área de preservação da Serra do Curral devastou oito hectares de vegetação, o equivalente a 11 campos de futebol, ameaçou mansões e deixou um manto de sujeira.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), neste ano foram detectados 6.867 focos de calor em Minas Gerais. Em setembro, foram contabilizados 3.088 pontos, enquanto só nos primeiros 12 dias deste mês foram 1.698 focos e nas últimas 48 horas, 42 ocorrências. Minas é o nono estado do país com o maior número de fontes de calor flagradas por satélites. Até agosto foram 2.423 ocorrências de incêndio atendidas pelo Corpo de Bombeiros. Em 2014, no mesmo período, foram 1.912 casos. (Com João Henrique do Vale e Pedro Ferreira)
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