O Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais expediu nesta quarta-feira recomendações a quatro órgão públicos para suspender remoções de famílias da Vila Arthur de Sá, no Bairro União, Região Nordeste de Belo Horizonte. O MPF questiona a desocupação de imóveis fora de área destinada a implantação da Via 710. Integrantes da comunidade denunciam que ações de retiradas promovem a “higienização social” no local, atendendo a interesses empresariais.
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PM cancela reunião que discutiria desocupação na Região do Isidoro por causa de manifestaçãoFamílias da Ocupação Nelson Mandela terão mais prazo e 'bolsa moradia' para desocupaçãoA questão que mobilizou o MPF é que, nos últimos meses, famílias foram removidas de suas moradias, mesmo não estando em áreas cedidas à PBH para construção de uma alça viária da Via 710. E outras vêm sendo ameaçadas de desocupação. O projeto, previsto pelo PAC Mobilidade Urbana, pretende fazer a ligação entre as avenidas Cristiano Machado (Nordeste) e Andradas (Leste), já tendo obtido autorização da SPU para a utilização de terreno da extinta RFFSA.
Durante vistoria no local das obras, o MPF sustenta ter constatado que parte da área em que casas foram demolidas e notificações entregues aos moradores para desocupação encontra-se fora dos limites estabelecidos nas portarias de autorização da obra. Tratam-se de áreas que não foram cedida pela União ao município de Belo Horizonte, o que levou a SPU a notificar extrajudicialmente a prefeitura para que suspendesse qualquer obra no local.
Para o MPF, além da questão do uso não autorizado de imóvel da União, se constatada a necessidade de remoção das famílias de baixa renda dessas áreas, a autorização de uso do terreno pela SPU está condicionada ao prévio reassentamento das famílias afetadas. “Na prática, o que vem ocorrendo é o desalojamento de pessoas que moram no local há mais de 30 anos, sem nenhum respeito aos seus direitos”, afirma o procurador da República Helder Magno da Silva, por meio de nota.
Nas recomendações enviadas aos órgãos municipais e ao prefeito Márcio Lacerda, o MPF pede que seja estritamente observado o perímetro estabelecido nas portarias de autorização de uso do imóvel, para se evitar novas remoções indevidas ou irregulares de moradores da Vila Arthur de Sá.