O que fazer com 60 minutos a mais na vida? Não seriam poucas as sugestões. Para quem depende do metrô de Belo Horizonte na volta para casa no fim da noite, as respostas vêm de imediato. São trabalhadores e estudantes, para quem 360 segundos representam a possibilidade de rapidez, conforto e segurança de um sistema de transporte público depois da rotina de um dia corrido. E isso explica o apoio unânime que os usuários noturnos do trem metropolitano de BH dão ao Projeto de Lei (PL) que tramita na Câmara Municipal desde 2013, que altera para 0h o horário de encerramento do serviço. Atualmente, o metrô opera das 5h15 às 23h.
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Falha em trem causa confusão e atrasos no metrô de Belo HorizonteProjeto de lei quer estender horário de funcionamento do metrô de BH em uma horaConstrução de novas linhas do metrô de BH continua sem data para começarPopulação aprova viagem em novos trens do metrô de BH, mas ainda cobra melhoriasMais moderno, novo trem começa a circular nas estações do metrô de Belo HorizonteAcordo entre CBTU e sindicato dos metroviários afasta risco de paralisação no metrôA cuidadora de idosos Fabiana Oliveira, de 28 anos, moradora do Bairro Monte Azul, Norte da capital, torce para a aprovação da proposta. “Faço curso pré-vestibular até as 22h30 e tenho que vir correndo pegar o metrô. Só que, às vezes, o professor acaba esticando seu conteúdo ou surge uma dúvida e a oportunidade de esclarecer é depois da aula. Aí vem o dilema de perder o trem e gastar 40 minutos a mais para ir de ônibus”.
Sara Novais, de 22, já está na faculdade e também depende do metrô na volta para casa, em Vespasiano. “O horário é corrido e mal termina a aula tenho que disparar para a estação. Essa uma hora a mais vai permitir um deslocamento com tranquilidade. Ficar em pontos de ônibus no fim da noite é complicado”, pontuou.
O padeiro Rogério Theodoro, de 55, usa o metrô no fim da noite para trabalhar.
Até para quem deseja quebrar a rotina do dia com alguma diversão, a hora a mais parece imprescindível. “Minha aula termina a tempo de pegar o trem até antes das 23h. Mas, se depois do curso a gente decide fazer um lanche, tem que ficar de olho no relógio”, diz Bruna Tavares, de 17, para quem a implantação do novo horário vai permitir a confraternização com colegas nas noites de sexta-feira.
CUSTOS Por meio de nota, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que acompanha com especial interesse o projeto que tramita na Câmara Municipal sobre a extensão do horário do metrô, contudo, a empresa ainda não dispõe de estudos conclusivos sobre a viabilidade dessa medida. “A companhia reconhece e compartilha do desejo da população em ampliar o horário de funcionamento. Mas é importante ressaltar que qualquer extensão de horário do metrô, na atual conjuntura, oneraria sobremaneira a matriz energética e o custo operacional envolvidos no transporte urbano sobre trilhos na capital, incluindo a elevação dos gastos com energia de tração, horas extras, além de alterar significativamente as rotinas de manutenção de trens, rede área, sinalização, controle, energia, iluminação, manutenção de edificações, segurança, entre outros”, diz a nota.
A CBTU acrescenta ainda que outro aspecto que necessita de avaliação cuidadosa é que não há pesquisas conclusivas quanto à demanda potencial para esses horários. E, qualquer solução que vier a ser debatida carece desse esclarecimento.