Uma questão financeira envolvendo o estilista Ronaldo Fraga e a locatária do imóvel em que sua loja está instalada, na Rua Fernandes Tourinho, na Savassi, Região Centro-Sul de BH, vem repercutindo nas redes sociais e já chegou à Justiça. Segundo a família da proprietária, o estilista deve aluguéis da loja. Fraga, por sua vez, acredita que um dos motivos para a polêmica é a placa que ele instalou no local após ter sido vítima de ladrões, que poderia prejudicar o ponto.
O caso veio à tona no último domingo, depois que a doutora em literatura e diretora da Faculdade de Comunicação da PUC, Glória Gomide, publicou um post em seu perfil no Facebook, explicando que o inquilino estava em dívida com a mãe dela, que tem 86 anos. O nome de Ronaldo Fraga não é citado, mas ela fala em “um senhor que costura e se apresenta como um grande artista”. Outras pessoas acabaram identificando o estilista. “(...) este senhor, há anos não paga em dia o aluguel, atrasando sempre um ou dois ou três meses. Em agosto, minha mãe entrou com ordem de despejo. Ele ainda não saiu e ainda não pagou”, diz Glória na postagem, acrescentando: “Este senhor culpa a administração municipal, estadual e nacional por um assalto à sua [sic] loja da Savassi. Não, meus amigos, este senhor sai da loja simplesmente porque não é um bom pagador”.
Em entrevista ao em.com.br nesta quarta-feira, Fraga disse considerar a situação “lamentável”, e deu sua versão para o caso. “Estamos nos mudando para uma nova loja. Dois meses atrás, quando comunicamos, eles falaram: 'Ok, mas vão ter que pagar um novo aluguel'. Não concordei com o aumento, porque estou saindo”, explica. “Eles não mandaram os boletos e os advogados me orientaram a pagar em juízo. Como você paga X e criam um aumento exorbitante porque você diz que está saindo?”, questiona o estilista.
Segundo Fraga, a polêmica envolve dois meses de aluguel. Ele disse que ainda não foi notificado sobre o despejo e foi surpreendido pela postagem no Facebook no domingo, véspera de um desfile. Em 2 de outubro, a loja do estilista foi arrombada e várias peças foram levadas. Na semana seguinte, em protesto contra a falta de segurança na região, ele cobriu a vitrine quebrada com uma placa onde se lê: “Como as roupas são bem estranhas, não vai ser difícil de reencontrá-las, disse o policial. Amiguinho, e quem disse que quero só roupas? Quero saúde, educação, segurança e cultura! E ver os bandidos públicos do municipal, estadual e federal catando pulgas em ratos na cadeia”.
O estilista e a proprietária do imóvel não se encontraram. Os contatos foram feitos por meio da imobiliária responsável pela locação. Ele acredita que a placa pode ter sido o estopim para a divulgação do caso. “Esse ódio todo foi por causa da placa. Não vou tomar medida nenhuma, a Justiça está do meu lado, o que a Justiça definir eu farei. Eles não podem aumentar esse aluguel por causa de uma saída.” Sobre a repercussão do caso na internet, ele comenta: “Curioso esse compartilhamento ter tido cunho político também. Na ocasião (do assalto à loja) eu não queria que viesse a público, mas a nova loja fica pronta em um mês”, diz. Sem divulgar a data em que pretende deixar a Savassi, Fraga adiantou que o futuro ponto será instalado em outra região.
OUTRO LADO Glória Gomide confirma que Ronaldo Fraga é inquilino do imóvel há sete anos, e alega que na maior parte do tempo houve atraso no aluguel. Segundo ela, a família está fazendo um levantamento de todos os meses em que houve atrasos. Ela nega que o valor tenha sido reajustado. “O aluguel é de R$ 12 mil. Não teve reajuste, porque reajuste em cima de zero não existe”, diz. “O que houve é o seguinte: tem o reajuste anual, e nem foi computado, porque estava em atraso, nem teve como ser reajustado.” Ela também diz que o estilista não comunicou sobre a saída do ponto na Savassi. “Ele nunca disse que ia sair. Nós que pedimos o imóvel. A ação de despejo entrou em 25 de agosto, meses antes.”
Sobre a placa de protesto contra o crime na Savassi, Glória diz ter ficado incomodada, mas sustenta que nada foi dito ao inquilino. Ela acha que o ato difama a região, ponto turístico da cidade, e o local onde ela e sua família nasceram, mas sustentar querer é que o estilista pague a dívida que tem com sua mãe. “Aquele post meu no Facebook foi um post leve, não o identifiquei, mas foi um desabafo em que estou defendendo a minha mãe, estou defendendo a Savassi”, afirma.
O Fórum Lafayette confirma que há uma ação de despejo por falta de pagamento cumulado com cobrança contra a empresa do estilista, de 25 de agosto. Conforme a assessoria e imprensa do fórum, consta no processo que os aluguéis de julho e agosto não foram pagos. O valor total, com as multas que estão sendo reclamadas, é de R$ 37.564,07. Há cinco pessoas qualificadas como réus, mas o nome do estilista não se encontra entre elas. Eles aparecem como fiadores e principais pagadores.