Jornal Estado de Minas

Relembre como era BH em 1985, ano do lançamento do filme de volta para o futuro

Há 30 anos, trânsito ficou congestionado na Avenida dos Andradas por conta das obras de canalização do Ribeirão Arrudas - Foto: Sidney Lopes/EM/DA Press 25/2/1985Se alguém pudesse embarcar no De Lorean DMC-12 preparado pelo doutor Emmett Brown e voltar para 1985, ano do lançamento do primeiro filme da trilogia dirigido por Robert Zemeckis, encontraria uma Belo Horizonte bem diferente. Poderia parar ao lado de alguma Brasília, Chevette ou Monza ainda com cheiro de carro zero e ir até o único shopping da capital, o BH, para fazer as compras do mês e escapar da inflação galopante, que naquele ano chegou a 239%. O exercício de imaginação se justifica: pelo roteiro do filme, a chegada ao futuro de Marty McFly, o personagem interpretado por Michael J. Fox, ocorreu ontem às 16h28.

Há exatos 30 anos, as manchetes eram ocupadas com a definição da comissão constituinte, que viria preparar a Constituição, promulgada em 1988. E não era o calor infernal que afligia os belo-horizontinos. Por volta de meio-dia, uma pancada de chuva causou engarrafamentos e houve inundações provocadas por entupimentos das bocas de lobo. Quem comentou o clima no Estado de Minas do dia 22 de outubro de 1985 foi o meteorologista Luiz Ladeia, que até hoje dá informações sobre as variações climáticas no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Deixando o De Lorean estacionado, provavelmente com mais facilidade do que hoje, quando há mais de 1,2 milhão de veículos na capital, o viajante ao passado poderia curtir um filme à toa no Pathé, no caso o mais recomendado era o novo do Woody Allen: A rosa púrpura do Cairo. “Um retrato de nós, espectadores, um estudo profundo sobre a realidade e a fantasia e um hino a felicidade, marcado pela sensível interpretação de Mia Farrow”, descreveu a crítica do EM, que concedeu cinco estrelas à película.

Aproveitando a caminhada, o viajante poderia esticar até o centro da cidade ir a uma sala do 17º andar do edifício situado no número 38 da Rua Tupis e tratar distúrbios psicossexuais com o doutor Hely Nogueira, que anunciava soluções para esse tipo de problema no jornal.

Saindo de lá, com os males sanados, uma opção seria assistir à apresentação em cartaz do Corpo, no Palácio das Artes, com o balé “Prelúdios, reflexos, sonata, noturnos”.

Crimes A violência era menor e a polícia mineira se gabava de ter prendido o “assaltante mais procurado de Belo Horizonte”: Jelbas Pinto da Silva, de 22 anos. O homem era acusado de ter roubado o Museu do Ouro, em Sabará; o depósito da Coca-Cola, na Cidade Industrial; uma casa de armas na Cidade Industrial; um VW Voyage de um promotor e a casa de um engenheiro no Bairro São Bento.

Imagem da fachada do Cine Brasil em 1955; imóvel foi reformado e reaberto em 2013 - Foto: Arquivo/EM 21/5/1955Se no passeio pela BH de 85 o viajante trouxesse um filho a tiracolo, não haveria melhor pedida do que ir ao Mineirinho participar da festa de aniversário do Clubinho, o programa número um das crianças, exibido pela TV Alterosa e comandado pela Tia Dulce. A festa de cinco anos do programa recebeu como
 convidados os grupos Dominó e Trem da Alegria.
Quem vai ao Mineirinho tem, por obrigação, de visitar o Mineirão. No domingo, 26 de outubro de 1985, o Atlético venceu o América por 3 a 0, pela sétima rodada do Campeonato Mineiro. Os gols foram de Paulo Izidoro, Tita e Paulinho. Se quisesse acompanhar o Cruzeiro, o jeito era dar partida no De Lorean e ir até Uberlândia, onde o time celeste bateu o XV de Novembro por 1 a 0, com gol de Carlinhos. O ataque estrelado ainda contava com Mirandinha e Robson.

Estádios Se o viajante desejasse retornar para 1955, como ocorre em um dos filmes da trilogia, não haveria Mineirão para visitar.
Os jogos do Cruzeiro eram disputados no estádio no Barro Preto e do Atlético, em Lourdes. O posto de principal palco esportivo era do Independência, inaugurado para a Copa de 1950. Uma boa pedida era ir ao Cinema Paissandu, ao lado do ginásio com o mesmo nome, tudo demolido em 1965 para dar lugar à atual rodoviária.

O comércio era basicamente o do Centro da cidade, com destaque para as lojas de móveis na Rua Caetés. Uma das ofertas anunciadas era um jogo de móveis para sala, com móveis de mogno chamado de conjunto BH.

Curiosidades


1985

 Fim do regime militar brasileiro, com a eleição indireta do primeiro presidente civil em 20 anos, Tancredo Neves. Em 14 de março, Tancredo é internado no Hospital Geral de Base de Brasília com a suspeita de apendicite, um dia antes de tomar posse. O vice-presidente José Sarney toma posse no dia seguinte. Tancredo Neves morre, em 21 de abril, no Instituto do Coração, em São Paulo.

 Em decisão contra o Cruzeiro, depois de três turnos, o Atlético recuperou o título mineiro, um ano depois de o arquirrival ter impedido seu hepta. A decisão foi em três jogos, com empates nos dois primeiros e vitória no terceiro, na prorrogação.

 Em final de jogo único contra o Bangu, no Maracanã, o Coritiba se sagrou campeão brasileiro, com vitória por 6 a 5 nos pênaltis, depois de 1 a 1 nos 90 minutos e 0 a 0 na prorrogação.

1955

 Prefeito de Belo Horizonte era Celso Mello de Azevedo (1955-1959).

Clóvis Salgado da Gama era governador de Minas (1955-1956). O Brasil teve três presidentes interinos em 1955. Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos que se revezaram no poder até a posse de Juscelino Kubitschek

 O Atlético se sagrou tetracampeão mineiro pela primeira vez, com o Democrata de Sete Lagoas ficando em segundo lugar. O Galo chegaria ao penta em 1956.

Prefeito de Belo Horizonte era Celso Mello de Azevedo (1955-1959)

Clóvis Salgado da Gama era governador de Minas
(1955-1956)

 O Brasil teve três presidentes interinos em 1955. Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos que se revezaram no poder até a posse de Juscelino Kubitschek

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