Instaurada na Câmara Municipal de Belo Horizonte, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Cancelas, que investiga o fechamento de vias e praças públicas por condomínios privados, fez ontem sua primeira inspeção em uma dessas áreas: o Condomínio Fazenda da Serra, no Bairro Paquetá, Região da Pampulha, onde está instalado o Parque Municipal Cássia Eller, de 28 mil metros quadrados. Integrantes da CPI, entre eles o presidente do colegiado, vereador Henrique Braga (PSDB), percorreram parte do espaço para verificar a situação, antes de ouvir moradores do condomínio e de toda a região em audiência pública realizada à noite.
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Praça no Bairro Castelo fica cercada por muros e cancelasFechamento de ruas com cancelas e guaritas por condomínios pode estar com os dias contadosMoradores protestam contra retirada de cancelas de condomínio na PampulhaPROJETO O presidente da Câmara disse que, independentemente do resultado da CPI, já tramita na Casa um projeto de sua autoria que determina a retirada das cancelas existentes e proíbe a instalação de novas. “É imoral e ilegal”, disse. E completou que a única possibilidade de regularização do fechamento das áreas por condomínios privados é que os “moradores dos locais comprem a via pública”. “A iluminação usada nesses espaços é do povo, que é constrangido, sendo obrigado a se identificar em locais públicos e tem limitação de horário para uso, diferentemente dos moradores, que podem jogar peteca até as 23h”, argumentou Magalhães. Segundo ele, a iniciativa de pedir a CPI foi motivada por dezenas de denúncias que chegaram a seu gabinete, sob análise de seu corpo técnico.
O vereador e representante da Associação dos Moradores da Fazenda da Serra Sérgio Fernando do Pinho Tavares (PV) afirmou que o condomínio está regularizado de acordo com diretrizes da Prefeitura de Belo Horizonte e que não existe “constrangimento” ou “dificuldades” para que a população da região frequente o parque.
De acordo com o vereador, o Condomínio Fazenda da Serra foi criado em 1999 já com a proposta de ser uma área privada, com controle de acesso. Ainda segundo Pinho Tavares, em contrapartida, a construtora ofereceu parte do espaço à prefeitura para construção do parque, que hoje é administrado pelo condomínio. “Temos um termo de doação com a prefeitura e somos obrigados a garantir a manutenção adequada do local”, disse. A assinatura do termo foi confirmada pelo secretário da Regional Pampulha da PBH, José Geraldo Prado, que participou da audiência pública. No entanto, ele afirmou que, caso a CPI resulte na adoção de novas regras, a cessão pode ser alterada, já que é renovada anualmente.
REVOGAÇÃO Por sua vez, Wellington Magalhães defendeu que o decreto que teria fundamentado o termo de doação da área ao Condomínio Fazenda da Serra não tem fundamento legal. E, diante disso, anunciou que vai propor a revogação imediata do documento.