O garoto de três anos baleado pelo pai em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, segue internado em estado grave no Hospital João XXIII. O crime aconteceu nesse domingo. O motorista Maikson Antônio Apolinário, de 26 anos, se matou pulando de um pontilhão da 70 metros de altura fora da cidade depois de atirar contra o filho. O crime acabou revelando um forte esquema de tráfico de drogas que abastecia o presídio da cidade. A criança era mantida refém junto com a mãe desde sábado. A mulher foi agredida e conseguiu fugir.
Maikson trabalhava fazendo entregas para uma padaria do município, que fornece alimentação para a instituição prisional, onde entregava maconha, celulares e chips escondidos dentro das garrafas térmicas de café. Ele também era usuário de drogas e desde sábado vinha mantendo a mulher e o filho em cárcere privado, trancados em um quarto.
Quando os militares deixavam o hospital para procurar o motorista e a criança, o dono da padaria onde ele trabalhava recebeu um telefonema do funcionário dizendo que estava em uma localidade conhecida por Castro, onde passa um pontilhão da linha férrea de 70 metros de altura. O dono da padaria avisou aos PMs e esses partiram para o local. “Achamos o carro abandonado, com o motor ligado e os faróis acesos. Ainda era escuro. No banco da frente, estava a criança sangrando muito, com uma perfuração de tiro na testa, ainda com vida. Socorremos o garoto imediatamente, deixamos no hospital e voltamos para o pontilhão para continuar as buscas. Por volta das 6h, encontramos o motorista morto debaixo do pontilhão, de onde ele pulou.
Dentro do Fiorino da padaria, usado para entregas em empresas e no presídio, peritos de Itabira encontraram 14 buchas de maconha, mais dois tabletes da mesma droga, quatro celulares e quatro chips, tudo enrolado em plástico transparente, dentro da garrafa térmica de café de 9 litros. “Segundo apuramos, a droga seria entregue às 6h da manhã no presídio de Barão de Cocais, horário em que ele entregava o café", conta o sargento Rogério.
A mulher do motorista disse que seu casamento estava em crise há muito tempo, que ela já havia se separado do marido duas vezes e voltaram a viver juntos. Segundo ela, ele usava muita droga e era muito ciumento. “Ela conta que ele passou o sábado usando cocaína o tempo todo enquanto a mantinha com o filho em cárcere privado.
A polícia local suspeita que há muito tempo o motorista vinha fornecendo drogas e celulares para os presos. Maikson já tinha passagens pela polícia por porte ilegal de armas. Um comparsa dele, que no sábado foi visto por duas vezes entregando uma sacola com a droga na casa do motorista, também foi preso. Argos Alceu Muniz da Cruz tem várias passagens por furto, uso e tráfico de drogas, segundo a PM.
A arma usada para atirar na criança foi localizada perto do Fiorino e apreendida. A Polícia Civil vai instaurar inquérito para apurar o possível envolvimento de outras pessoas no tráfico de drogas. O garoto de 3 anos baleado foi transferido para a capital em um helicóptero do Corpo de Bombeiros.