Um homem foi detido nesta quarta-feira sob acusação de ter assediado duas estudantes da Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG, na Avenida João Pinheiro, Região Central de Belo Horizonte. O caso foi relatado pelas alunas à direção da instituição. De acordo com a assessoria da faculdade, o vice-diretor da unidade, professor Aziz Saliba, convocou os seguranças do prédio, que detiveram o suspeito até a chegada da polícia. Um grupo de mulheres ligadas à universidade está propondo reuniões para falar sobre os casos de violência e tentando identificar vítimas de assédio.
O Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP) divulgou nota, em uma rede social, abordando casos de assédio denunciados por estudantes e recomendou que as vítimas façam boletim de ocorrência. Na página do CAAP no Facebook, um advogado questionou o centro acadêmico sobre um incidente em 22 de outubro, no qual uma mulher foi assediada dentro da faculdade. Em uma das respostas, o CAAP afirmou repudiar os "episódios de assédio e violência" que ocorreram no local e cobrou "medidas urgentes" da direção da universidade.
"Vários problemas de segurança estão sendo relatados desde o início do ano. Os alunos estão com medo, estão assustados. Hoje, um homem foi detido dentro da faculdade por ameaçar de morte alunos e funcionários", conta uma estudante da Faculdade de Direito, que preferiu não ser identificada.
Segundo uma das integrantes do grupo que vem se mobilizando em torno do assunto, na última sexta-feira foi realizado um encontro em que foram relatados vários casos de violência. "Não ocorre só com público externo. A gente tem relato de alunos e professores também, que assediam e violentam as meninas", revela outra estudante. A universitária também criticou as ações da universidade quanto às medidas de segurança propostas. "A gente critica a omissão da diretoria e da reitoria, por não implementar essas ações mais fáceis e que dariam resultado e segurança melhor para as mulheres rapidamente", completa.
A estudante relatou ainda que dois homens, que não são alunos da faculdade, entram frequentemente na unidade para assediar mulheres. "Já foram relatados 20 casos e nada é feito pela reitoria da faculdade", comenta.
Repercussão
Entre os comentários publicados em resposta à nota do CAAP no Facebook, a maioria dos internautas criticou a postura do centro acadêmico, acusado de ter sido contra medidas de segurança que a universidade pretendia implantar na faculdade, e pedem que os problemas sejam combatidos por todos.
"Enquanto todos queriam resolver os problemas de segurança, vocês faziam oposição. Vocês não representam os interesses dos alunos, mas sim os interesses de vocês", comentou um advogado.
Outro internauta relembrou o posicionamento do centro acadêmico em discussões sobre a necessidade de implantação de medidas de segurança. "Não eram vocês mesmxs (sic) do CAAP que eram contra a implantação das tais medidas de segurança, alegando elitismo?", questionou.
"Sério que ninguém da gestão pode cobrar medidas efetivas e se reunir com a diretoria e a reitoria para discutir esses problemas? Cobrar ações imediatas? A reitoria não é tão incomunicável assim, e, na condição de centro acadêmico, creio que vocês possuem mais do que legitimidade para fazer esse contato", cobrou uma internauta..