Jornal Estado de Minas

São Judas Tadeu recebe pedidos e agradecimentos de 60 mil fiéis no seu dia

Devotos lotaram o santuário no Bairro da Graça - Foto: Rodrigo Clemente/EM/DA Press
As sorridentes irmãs Lara, de 8 anos, e Manuela Vales Vitkaukas, de 12, eram, na tarde de ontem, a prova absoluta de que a fé em São Judas Tadeu desconhece idade, clima e distância, e está cada vez mais forte no coração dos mineiros. Ao lado da avó Girce Alves Macieira Vales, as meninas vestidas com a túnica verde e o manto na cor vinho, a exemplo do santo festejado religiosamente em 28 de outubro, participaram das homenagens ao protetor “chamado” sempre para ajudar nas causas impossíveis dos católicos.


A comemoração no Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu, no Bairro da Graça, na Região Nordeste da capital, com a presença de cerca de 60 mil pessoas que assistiram às missas realizadas de duas em duas horas, desde as 22h de terça-feira, foi permeada pela alegria e emoção. A todo momento, entre o silêncio a oração, era possível ouvir relatos comoventes de pessoas que conseguiram as graças de Deus rezando para São Judas Tadeu.

Com um maço de velas nas mãos e agarrada às duas netas, a vovó Girce não temeu as nuvens pesadas e escuras que tomavam conta da cidade. À tarde, ela saiu de casa no Bairro Cristina, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte e foi, mais uma vez, cumprir a promessa feita quando Lara tinha apenas dois anos. “Meu genro, pai das meninas, morreu num acidente. Foi um momento muito difícil para todos nós. Nessa época, acho que devido ao trauma familiar, Lara começou a não se desenvolver muito. Fiquei muito preocupada e, então, pedi a São Judas Tadeu, de quem era muito devota.
E ele me atendeu”, contou Girce, olhando para a menina que sorria, mostrando a falha na dentição típica da idade.

- Foto: Rodrigo Clemente/EM/DA PressManuela revelou que acha a túnica bonita e, pelo visto, vai usá-la durante muitos anos. “A promessa é que virei aqui com as meninas vestidas assim, enquanto vida eu tiver”, garantiu a vovó. Logo em seguida, as três, de sombrinhas em punho, se dirigiram para a um espaço para acender as velas, a tempo ainda de assistir à missa das 16h. Ao longo do dia, confissões e momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento também marcaram a programação especial.

O arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidiu, à meia-noite, a primeira missa, com o santuário tomado pelas diversas comunidades de fé da arquidiocese. Antes, às 20h30, os fiéis acompanharam a procissão luminosa. Na homilia, o arcebispo destacou que há uma fonte inesgotável de força e graça disponível para todos nós: “Procuramos a força especial que vem de Deus. São Judas compreendeu essa verdade.
Ele acolhe o que o Senhor diz e Nele deposita toda a sua confiança. Estar aqui e pedir a intercessão de São Judas é reconhecer que existe essa fonte de bênçãos e graças”.

Desejo atendido Pingos de chuva chegaram no exato momento em que terminava a missa das 16h, concelebrada pelo bispo auxiliar de BH, dom Edson Oriolo, e pelo reitor do Santuário Arquidiocesano, padre Aureo Nogueira de Freitas. Quem não conseguiu entrar no templo ficou assistindo à missa num telão do lado de fora. No fim da cerimônia, os religiosos pediram que as pessoas levantassem documentos, chaves de automóveis e outros objetos pessoais para a bênção especial. Para a dona de casa Maria Piedade Martins, moradora do Bairro Boa Vista, na Região Leste, nem foi preciso muito movimento, pois a “bênção” maior já estava no seu colo.

“Venho aqui todo dia 28 e hoje é uma data especial”, disse Maria Piedade segurando carinhosamente o filho Luiz Henrique, de dois anos e meio. “Meu marido ficou doente, teve diabete, e eu não conseguia engravidar. Fiz, então, uma promessa para São Judas e o resultado está aqui”, mostrou o menino. Mas, ao lado dos pedidos, Maria Piedade procurou a medicina para conseguir seu objetivo.
“Fiz tratamento para engravidar, mas o santo foi fundamental”, explica.

“Com tantos problemas hoje no mundo, muitos católicos fazem seus pedidos a São Judas Tadeu, que foi apóstolo de Cristo, para resolver questões pessoais. Desde os primórdios do cristianismo, há essa devoção ao santo, que, no entanto, ficou esquecido durante uns tempos por uma confusão com Judas Iscariotes”, contou padre Aureo.


Testemunhos em livro


É raro o dia 28 de cada mês em que uma pessoa não chega ao Santuário Arquidiocesano de São Judas Tadeu relatando uma graça alcançada por intercessão do padroeiro das causas impossíveis. Para documentar esses registros, foi lançado dia 25 – e está à venda, ao preço de R$ 10, no templo do Bairro da Graça, na Região Nordeste de Belo Horizonte – o livro Testemunhos de fé - Da devoção à graça, que tem a colaboração das voluntárias Maria das Mercês Bonfim Ambrosio e Roberta Borges Ventura. A obra com cerca de 100 depoimentos traz relatos na primeira pessoa e, outras vezes, narradas como história assinada sempre da seguinte forma: Fiel e as iniciais da pessoa. Do Fiel M.C.M.F, ficou registrada uma cena que mistura pânico e posterior alívio: “Em viagem ao Ceará, notou uma diferença, que podia ver da janela, na asa do avião. O piloto avisou, antes do tempo previsto, que ia pousar. Em vez disso, arremeteu. Todos começaram a rezar a São Judas Tadeu e a todos os santos, e o piloto conseguiu aterrissar”.

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