As empresas de ônibus que atuam em Belo Horizonte e na região metropolitana estão na mira do Ministério Público do Trabalho (MPT). Operação do Grupo Especial de Fiscalização do Trabalho em Transportes (Getrac), que faz parte do Ministério do Trabalho e Previdência Social, fiscalizou 65 concessionárias e encontrou irregularidades trabalhistas em todas elas. Ao todo, foram 1.331 autuações. A estimativa é que aproximadamente 42 mil empregados tenham sido prejudicados. A fiscalização foi feita por meio da bilhetagem eletrônica de cada empresa. Algumas delas já tinham sido alvos de ações ou assinaram termo de ajustamento de conduta. Por isso, deverão pagar multas. O advogado do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraB-BH) negou as falhas e diz que vai recorrer à Justiça.
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“Essas irregularidades de jornada resultaram em sonegação de pagamentos que não foram feitos aos trabalhadores. Por consequência, deixaram de ser recolhidos os valores de FGTS”, comenta Cavalcante. A auditoria foi feita em empresas que operam o transporte municipal (fiscalizado pela BHTrans) e o intermunicipal, sob responsabilidade da Secretaria Transporte e Obras Públicas (Setop).
Os problemas na jornada de trabalho atingiam diretamente os empregados, segundo o Getrac. “O trabalhador não tem como se programar para uma vida fora do trabalho, fica preso, tendo que cumprir jornadas maiores que a regulamentada, muitas vezes sem receber por ela”, diz o auditor.
Os levantamentos foram repassados para o MPT, que vai apurar o caso.
Empresas negam irregularidades
Advogados do Setra negam os problemas apontados pelo Getrac e pretendem recorrer à Justiça. “Negamos veementemente a manipulação desses dados dos trabalhadores. Teria que ter um conluio absurdo com milhares trabalhadores que se submeteriam a um trabalho de jornada dobrada, triplicada, e que ficariam calados recebendo por uma jornada”, afirmou Dênio Moreira. Para ele, a metodologia aplicada foi errada. “Quando o ônibus sai para controle da viagem, você tem que registrar a matrícula de alguém para fazer a viagem. Nem sempre aquela matrícula corresponde ao funcionário. Por exemplo, tem trabalhador demitido que quando entra o substituto na empresa, leva três a quatro semanas para sair a carteirinha dele, então, ele roda com que já estava lá”, comenta. .