O alagamento que na terça-feira arrastou 60 carros na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, deixou em alerta moradores e motoristas que passam por outros pontos de Belo Horizonte sujeitos a inundações. Com a previsão de novos temporais durante o período chuvoso, que vai até março, há temor de prejuízos e tragédias em áreas com histórico de problemas como as avenidas Prudente de Morais (Região Centro-Sul), Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos (Nordeste) e Francisco Sá (Oeste). Para agravar o problema, obras que poderiam minimizar riscos nessas regiões não ficaram prontas a tempo.
De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), há mais de 80 pontos críticos com risco de alagamento na capital, distribuídos pelas nove regionais (veja lista ao lado com os 88 endereços). Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, “acabar com o problema das inundações, só mesmo com intervenções”. Porém, obras em áreas críticas como as das avenidas Prudente de Morais (Região Centro-Sul), Francisco Sá (Oeste), Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos (Nordeste) têm conclusões previstas apenas entre o segundo semestre do ano que vem e o fim de 2017.
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Citroën”, lembra.
O supermercado ao lado do posto precisou ser construído acima do nível da rua, para não ser inundado. “Carros, mercadorias de lojas, tudo desce com a enchente”, disse o auxiliar administrativo João Vitor Lima de Oliveira. Segundo ele, os clientes do supermercado ficam todos sem poder sair. “As pessoas que estão na rua correm para dentro do supermercado e algumas chegam a subir nos pontos de ônibus”, completa a operadora de caixa Alesca Luíza Alves dos Santos, de 20. Em um prédio em frente, os moradores tiveram de construir uma mureta em volta do estacionamento para proteger os veículos.
Comerciantes da Avenida Sebastião de Brito com Cristiano Machado, no Bairro Dona Clara, na Pampulha, também convivem com o problema. “A avenida fica totalmente intransitável até 30 minutos depois que para de chover.
IMPERMEABILIZAÇÃO O professor Márcio Baptista, da UFMG, lembra que a impermeabilização da cidade aumentou o risco de alagamentos. “Há registros de inundações desde 1920. Com o tempo, a capital, foi sendo impermeabilizada, num processo radical. Córregos foram retificados, como o Acaba Mundo, que faz curvas de 90 graus dentro de galerias, perto da Avenida do Contorno”, afirma. Para resolver a situação, só mesmo com obras. “São necessárias novos sistemas de escoamento, como galerias, em diversos pontos. A prefeitura deve estudar e fazer projetos para evitar novas inundações.
A PBH, por meio da Sudecap, informou que são executadas, em toda a cidade, intervenções de prevenção e combate a inundações, totalizando o montante da ordem de R$ 1,29 bilhão (empreendimentos concluídos a partir de 2009 e em andamento). Sustenta também ter assegurado R$ 1 bilhão para execução de outros empreendimentos. Em 2015, sustenta a prefeitura, foram investidos R$ 300 milhões em obras e projetos de prevenção de inundações e manutenção em galerias, bacias de detenção e contenção de encostas.
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