Jornal Estado de Minas

Donos de pets reivindicam acesso dos animais as áreas verdes de BH


Depois do aval da Prefeitura de BH para que as pessoas possam circular nos parques municipais com suas bicicletas, quem tem animais de estimação quer que a entrada dos bichos seja autorizada em todas as áreas verdes da capital.  Atualmente, apenas 24 dos 75 parques municipais da cidade permitem a presença de animais domésticos e os defensores da liberação total reivindicam que o município, além de atender à sua reivindicação, faça campanhas para divulgar a iniciativa, para que o maior número possível de pessoas possa levar seus pets a esses espaços públicos. Por enquanto, a administração municipal não tem planos de autorizar a presença dos animais em mais parques. E nas áreas onde a prática já é permitida, as pessoas devem ficar atentas, pois quem passeia nos parques com os bichos soltos, sem coleira e sem guia de condução,  está descumprindo uma determinação da administração municipal.

A regra está prevista na Portaria  23/2013, que dispõe sobre normas de conduta e de utilização pública dos parques administrados pela Fundação de Parques Municipais. Em seu artigo 5º, o documento trata da permissão para a entrada dos animais, destacando a exigência do uso dos equipamentos de segurança e acrescentando a necessidade de focinheira no caso de cães da raça pit bull. Entre outras medidas, o texto ainda determina que a remoção e destinação das fezes dos animais são de responsabilidade de seus donos, bem como é proibida a entrada de animais nos canteiros de jardins, espelhos d’água e córregos. As penalidades para quem descumprir as regras vão da advertência à retirada do animal do interior do parque.

Apesar da existência da portaria, a realidade é totalmente diferente. Não há fiscalização e as pessoas não são orientadas. Andando ao lado de seis cães da raça shih tzu no Parque Juscelino Kubitschek, no Sion, Região Centro-Sul de BH, a administradora de empresas Simone Pereira Coelho, de 51 anos, disse nunca ter sido orientada por funcionários do lugar.
“Também nunca vi placas que informassem sobre isso. Se o animal não pode andar solto, deveriam informar”, afirmou a mulher, que também deseja a ampliação do número de parques onde a presença dos pets seja permitida. “A população de cães é cada vez maior e os locais para os levarmos ainda são restritos. O que vemos é que muitos ficam confinados em apartamentos”, afirma.

Medo de brigas

Passeando com Ully, da raça maltês, a advogada Fernanda Queiroz, de 32, teme soltar a cadela por receio de que ela brigue com outros animais. Mas confessa que, às vezes, deixa a cadelinha solta. “Somente quando não tem outros cães por perto”, contou, ressaltando também desconhecer a norma. Para ela e o namorado, Fábio Dupin, de 29, também advogado, é válida a solicitação para aumento do acesso de cães a parques de BH.
“É o que a gente, que tem animal, mais quer”, disse Fábio.

Mesmo sem saber da regra que exige o uso de coleira e guia, a massoterapeuta Patrícia Moreira, de 46, não se arrisca a soltar o bulldog francês Júnior, com o qual passeia nos fins de semana no Parque JK. “Ele corre muito e tenho medo de não conseguir alcançá-lo. Também acho que o animal solto pode incomodar quem não gosta de cães. Por isso o mantenho sempre com a coleira e a guia. “

O aposentado Edson Ribeiro, de 69, morador do Bairro Santo Agostinho, também se preocupa com as pessoas que estão nos parques e procura manter seu cão Guga, da raça boston terrier,  preso à coleira quando passeia no Parque Rosinha Cadar, no Santo Agostinho, e na Praça dos Caçadores, na Serra. Mas confessa desconhecer a regra que exige o uso de coleira e guia e diz que, de vez em quando, deixa Guga solto.  “Sempre olho ao redor para ver se tem crianças que podem ter medo e se assustar com a presença dele. Mas o Guga é bem medroso e não ataca ninguém”, afirmou. Edson também apoia a mobilização para que todos os parques autorizem a entrada de  animais de estimação.
“Eles precisam de espaço para correr e brincar e essas áreas são excelentes”, ressalta.

Ameaça à saúde dos animais

Embora a mobilização dos donos de animais domésticos pela ampliação do número de parques nos quais o acesso de cães e outros bichos de estimação esteja crescendo, a PBH alega restrições ambientais para não atender a solicitação. O problema é que, de acordo com a chefe do Departamento Centro da Fundação de Parques Municipais, Tatiane Cordeiro, a proximidade entre animais de estimação e a fauna silvestre pode representar um risco para ambos. “Os bichos domésticos, como cães, podem transmitir doenças por meio de fezes, carrapatos, pulgas ou pela urina, como é caso da leptospirose. Podem também ser vítimas de ataques de animais silvestres ou mesmo atacar um desses”, explica Tatiane. Segundo ela, ampla discussão já foi feita no sentido de definir quais áreas são vedadas a animais domésticos, levando em consideração a necessidade de preservação ambiental do parque.

Sobre a exigência do uso de coleiras e guias, o diretor de Parques da Área Norte da Fundação de Parques e Jardins, Robson Ferreira, reconhece a deficiência na orientação de usuários dos parques a respeito da norma. Adiantou, no entanto, que a prefeitura está providenciando placas, que serão instaladas no prazo de 15 dias, com essa regra e outras que tratam do uso de bicicletas,  soltura de pipas, entre várias regras. “Parte das placas atuais é de pequeno porte ou está escondida. Em alguns parques elas não existem. Sabemos disso e estamos refazendo esse trabalho de sinalização”, disse.

O diretor afirmou ainda que os funcionários dos parques serão capacitados para melhor orientar os visitantes das áreas verdes.
E disse que campanhas de conscientização são feitas em parques, especialmente naqueles em que há maior concentração de cães, a exemplo dos parques JK e Rosinha Cadar, para explicar a regra que exige coleira e guia nos animais.

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