Jornal Estado de Minas

Lixo, falta de segurança e trânsito são problemas comuns na região do Independência


Os relatos de problemas vêm de várias pessoas que moram no entorno do estádio. De acordo com um publicitário de 34 anos, que pediu para não ser identificado, sua família fica acuada dentro de casa em dias de jogos. No domingo, houve uma confusão na porta da sua casa. “A gente não podia sair nem para ir à padaria. A polícia usava spray de pimenta, jogava bombas e disparava balas de borracha. Os policiais não olham quem é morador e quem é torcedor e temos muito medo”, disse. Outro incômodo é a sujeira nas ruas depois dos jogos. “A limpeza é feita somente no dia seguinte.

Eles deveriam limpar imediatamente. É muito resto de comida no chão e estamos tendo problemas com ratos no bairro”, reclama o publicitário. O cheiro deixado pelas fezes e urina dos cavalos usados pelos militares também incomoda os moradores. “Eles não limpam direito e o cheiro forte continua”, disse. Os jogos também têm atraído moradores de rua e ladrões para o bairro, segundo ele.


No domingo, o publicitário conta que sua irmã foi impedida por PMs de passar com seu carro pela rua. “Ela não teve como guardar o carro na garagem e teve que esperar o jogo começar no Bairro Santa Tereza para voltar. A Rua Nancy de Vasconcelos foi fechada e virou estacionamento para os ônibus da torcida do Corinthians e ninguém passava de carro”, disse.


Segundo a Administração Regional Leste da Prefeitura de Belo Horizonte, ações fiscais são feitas em todos os dias de jogos para conter a atuação de ambulantes, inclusive para coibir a venda de bebidas em garrafas de vidro, o que tem ocorrido durante as partidas.

Ainda segundo a regional, a instalação de banheiros químicos está sendo analisada pelo setor jurídico da PBH, tendo em vista que os jogos de futebol não são eventos públicos. A BWA, gestora da Arena Independência, afirmou que tem a responsabilidade interna pela operação do estádio, mas que sempre atende às demandas da prefeitura e PM com disponibilização de gradis e cavaletes para o entorno. Disse ainda que está aberta ao diálogo com a comunidade e mantém operação que tenta minimizar impactos. Reclamações podem ser recebidas pelo e-mail comunicacao@arenaindependencia.net.com.

Segundo a PBH, o exercício de atividade por flanelinhas no logradouro público é proibido, de acordo com o Código de Posturas do Município (Lei 8.616/2003, artigo 118). A PBH, por meio das gerências regionais, cadastra lavadores e/ou guardadores de carros, que são prestadores de serviço autônomo e, como tal, podem negociar com o motorista o valor a ser cobrado pela limpeza do veículo. No entanto, o uso da vaga pelo motorista não pode ser condicionado à execução desse serviço. Já o guardador não pode estipular preço para realizar a sua atividade, sendo facultativa a contribuição do motorista.

Cabe aos órgãos de segurança coibir a prática de flanelinhas na cidade, conforme previsto na legislação de Posturas do Município.
A atuação de flanelinhas, muitas vezes, está associada à extorsão, o que exige ação de polícia. Mas, de acordo com o comandante do 16º Batalhão da PM, tenente coronel Cláudio Vitor Rodrigues Rocha, é necessário que a pessoa que se sentir extorquida faça a denúncia, o que pouco ou praticamente não ocorre em dias de jogos.

Sobre a atividade de ambulantes, a Regional Leste explicou que a média é de 9 fiscais integrados em dias de eventos na Arena Independência, com o apoio dos agentes de campo e da guarda municipal.

Em relação à sujeira em via pública, a Regional informou que a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) colocou 50 lixeiras no entorno da Arena e a limpeza, inclusive com lavação, começou ontem, dia 2, por volta das 7 horas da manhã e terminou no início da tarde. 

INVASÃO
A Polícia Militar, por sua vez, informou que a entrada na residência da Rua Alexandre Tourinho foi necessária para proteger os moradores que tiveram a casa invadida por corintianos e também porque houve agressão por parte das pessoas que estavam no interior da casa contra os policiais. Segundo o tenente-coronel Cláudio Rodrigues Rocha, comandante do 16º Batalhão da PM, responsável pelo Horto, 300 policiais trabalharam do lado de fora da Arena e o mesmo número no interior do campo. O tenente-coronel Gianfranco Caiafa, comandante do Batalhão de Choque da PM, disse que a ação policial foi legal, mas que o bairro não tem estrutura para partidas dessa natureza.

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