Prestes a completar um mês da reinauguração, a Praça Carlos Chagas, também conhecida como Praça da Assembleia, no Bairro Santo Agostinho, Centro-Sul de Belo Horizonte, caiu novamente no gosto da população. Prova do sucesso é que moradores da capital lotaram o espaço no segundo feriado depois da reforma – que se arrastou por um ano e três meses, fechando completamente o acesso, ao custo de R$ 13 milhões, financiado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Os mais animados eram as crianças, graças à diversidade de brinquedos. O movimento substituiu o estado de abandono anterior, com queixas quanto à insegurança, degradação e iluminação deficiente. Porém, apesar de a aprovação do novo espaço ser geral, os usuários acreditam que o maior desafio será manter o lugar bem cuidado. E há pelo menos uma queixa: a falta de banheiros na nova estrutura.

A funcionária pública Luciana Mourão, de 41 anos, era um dos que torciam pela conservação da estrutura, ao passear com a filha Isabela, de 2 anos. “O diferencial é a parte infantil, que tem muita diversidade. É mais uma opção de lazer na cidade, e está muito bem cuidada. Tomara que continue desse jeito”, afirmou. Também funcionário público, o paulista Ivan Roberto Pinto, de 64, está em Belo Horizonte para visitar a neta Melissa, de 4 anos, e se impressionou com a estrutura. “Em São José dos Campos, onde moro, não tem uma praça desse jeito. O balanço, por exemplo, é bem seguro”, disse ele.

O casal Robson Tarcelio, de 51, e Cristina Andrea Eliazar, de 38, não tirava os olhos da pequena Maria Fernanda, de 3 anos, que testava vários brinquedos. A tranquilidade dos pais aumentou depois da reforma da praça. “Melhorou bastante este espaço para as crianças. O maior desafio será mantê-lo bem cuidado e com segurança, para que todos possam continuar usando”, avaliou Robson, que é empresário. “Eu já frequentava a praça desde quando era criança, e agora o espaço para elas está muito bom. Se continuar assim, viremos todos os fins de semana”, acrescentou. As amigas Ciceli Martins, de 35, que é engenheira, e Priscila Leite, de 31, psicóloga, levaram os filhos Miguel e Eduardo, ambos com 1 ano, para fazer um piquenique, aproveitando a sombra no gramado. “O que acho melhor é o piso emborrachado, adequado para as crianças”, diz Ciceli. “A divisão dos brinquedos me agradou. Tem os parquinhos, uma área para bicicleta, cada coisa no seu lugar”, acrescenta Priscila.

BANHEIROS

Uma das reclamações foi a falta de banheiros para uso do público. O casal Luciana Guimarães, de 42, e Marcelo Guimarães, de 49, levou o filho Matheus, de 11, para aproveitar a praça, a pedido do próprio menino, que acordou querendo testar os brinquedos. “Ter um banheiro seria uma coisa bem interessante, já que é uma necessidade principalmente para as crianças”, cobrou Luciana. Apesar do problema, o casal aprovou as novidades. “Frequentamos a praça há muito tempo, desde quando nossos filhos eram pequenos. Uma mudança importante foi a retirada da parte de areia. Para as crianças, melhorou demais”, diz Marcelo.

O vendedor ambulante Francisco Elias Félix, de 60, 35 dedicados à venda de balas, doces, água e pequenos brinquedos na Praça da Assembleia, disse ontem que o sanitário existe, mas permanece trancado. “É importante ter o banheiro para o uso da população e para nós também, que trabalhamos o dia todo aqui. De qualquer forma, as intervenções que já foram feitas melhoraram bem o movimento no lugar”, afirmou. A Regional Centro-Sul da Prefeitura de BH informou que os banheiros foram contemplados na reforma da praça, inclusive com adaptações para entrada de pessoas com mobilidade reduzida. Ainda segundo a regional, eles serão abertos ao público, mas ainda é necessária uma parceria para viabilizar o funcionamento.

Memória / Seis meses de espera extra

A revitalização da Praça Carlos Chagas começou em julho do ano passado e foi feita pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) com recursos da Assembleia Legislativa. A promessa inicial era de entregar a obra em fevereiro deste ano, mas houve atraso de seis meses, o que deixou muita gente sem a opção por um longo período (foto). A principal mudança foi o fechamento de uma rua de acesso a um estacionamento que funcionava no interior da praça, integrando todo o espaço com o hall das bandeiras, já na área da sede do Legislativo estadual.

Com ampliação do espaço, o projeto manteve a originalidade do paisagismo de Burle Marx, das calçadas portuguesas e do coreto. Equipamentos de ginástica seguindo o padrão das academias da cidade, foram instalados, novos playgrounds foram construídos e  bancos, espalhados para descanso, além de mesas de xadrez e damas..