De modo geral, a população denuncia: houve falha da PM. Por outro lado, a corporação alega: “O Independência é seguro, mas seu entorno não tem estrutura para receber um jogo desse porte, com torcidas rivais”, afirma o comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Gianfranco Caiafa. Desde a chegada dos ônibus dos torcedores paulistas no Horto, até depois do início da partida, foram pelo menos três confrontos em pontos diferentes do bairro: Praça Estevão Lunardi, na Avenida Silviano Brandão, cruzamento das ruas Pitangui e Nancy de Vasconcelos Gomes, e cruzamento das ruas Alexandre Tourinho e Ismênia Tunes. Em todos os pontos, houve uso de bombas de gás e de efeito moral e moradores e torcedores ficaram feridos.
As pessoas reclamam ainda da mudança do plano historicamente usado em jogos desde que o estádio foi reinaugurado. Ônibus de torcidas rivais, de modo geral, param para embarque e desembarque na Rua Córrego da Mata. Mas com 26 ônibus e uma van do time paulista, o comandante Gianfranco alega que a Rua Nancy de Vasconcelos era o único corredor com capacidade de receber a frota. “Aquele ponto é o que a torcida corintiana menos teria contato com atleticanos. Tínhamos informação de que viriam 12 ônibus e vieram 26. Não há no entorno do Independência nenhuma área com capacidade para tantos veículos e conduzir a torcida mantendo separação entre as rivais”, explica Gianfranco.
O problema é que, como conta a aposentada Bernadeth Rodrigues Ávila, moradora da Rua Nancy de Vasconcelos, os veículos ficaram muito próximos da torcida atleticana. “Aí começou a confusão, as bombas, as balas de borracha. O bairro não pode receber esse tipo de jogo. Pra mim, não deveria ter nenhum tipo de jogo aqui, porque a gente sofre muito com o impacto das partidas”, conta.
Para o presidente da Associação Comunitária dos Amigos do Entorno do Estádio Independência e Adjacências (Aameia), Adelmo Gabriel Marques, o que houve no domingo foi o limite do que a população pode suportar. “Estamos cansados de fazer reclamações na Prefeitura, sem solução. Há regras para a operação do estádio, mas houve um afrouxamento de todos os órgãos. Ambulantes e flanelinhas tomaram conta do bairro. As pessoas não podem sair de casa nos dias de jogos. Para piorar, a polícia colocou em prática um plano operacional diferente do que sempre dava certo e expôs as torcidas rivais ao confronto”, criticou o presidente. Segundo ele, a associação fará uma representação no Ministério Público Estadual ainda nesta semana cobrando providências.