Jornal Estado de Minas

Universitária foi morta após descobrir relacionamento do namorado com patrão, diz polícia


O motivo do assassinato da universitária Larissa Gonçalves de Souza, de 21 anos, em Extrema, no Sul de Minas, foi a revelação de um relacionamento homoafetivo do namorado, informou a Polícia Civil na tarde desta quarta-feira. De acordo com os primeiros depoimentos colhidos pelo delegado Valdemar Lídio Gomes Pinto, que preside o inquérito, uma relação homoafetiva que o namorado de Larissa mantinha com o patrão teria motivado o assassinato da estudante. Ela havia lido uma mensagem trocada entre os dois via telefone celular e, desde então, vinha questionando o namorado sobre o episódio e exigindo mais atenção da parte dele. Moradores revoltados com a morte da estudante chegaram a destruir a loja do comerciante suspeito do crime.

Veja a matéria da TV Alterosa e os vídeos do protesto e do ataque no final da matéria

O corpo de Larissa foi localizado na manhã de terça-feira, no Bairro Ponte Alta, em meio ao mato localizado às margens da estrada, em avançado estado de putrefação. Vista pela última vez com vida em 23 de outubro, a estudante tinha seguido com o carro do pai até o pátio do terminal rodoviário de Extrema para embarcar no ônibus escolar que a levaria à Universidade São Francisco, em Bragança Paulista, onde estudava biomedicina.

A suspeita de sequestro chegou a ser levantada pela Polícia Civil, que depois passou a seguir outra linha investigativa, ao descobrir um relacionamento amoroso entre o namorado da vítima, o modelo Luccas Rodrigo Gamero, e o patrão dela, o agenciador José Roberto dos Santos Freire. Luccas também era funcionário de uma loja de propriedade de José Roberto. Luccas nega relação amorosa com patrão e diz não ter envolvimento no assassinato.

A Polícia Civil divulgou o passo a passo das investigações. Os dois suspeitos passaram a ser monitorados pela equipe.
Segundo o delegado, após ser preso temporariamente terça-feira, José Roberto acabou confessando o envolvimento no desaparecimento e morte de Larissa e apontando ainda Luccas como idealizador do crime.

Com a prisão temporária decretada pela Justiça, Luccas foi ouvido nesta quarta-feira e negou a participação no crime. Ele diz também que não mantinha qualquer relacionamento homoafetivo com Jorge e que não sabia da intenção do agenciador de assassinar Larissa. O delegado adianta que somente após outras diligências poderá ser confirmada a participação ou não do modelo.

Na sua versão sobre o crime, o agenciador de modelos disse que manteve contato com um garoto de programa, identificado apenas como “Sandro”, de São Paulo, para chegar até outro homem, chamado “Henrique”, que aceitou agir como executor de Larissa.

Decidido a colocar o plano criminoso em prática, José Roberto comprou um chip de celular e chegou a falar por quatro vezes com “Henrique”, combinando os detalhes da morte da estudante universitária. A polícia acredita que o chip e o celular foram descartados posteriormente pelo agenciador, que pretendia eliminar qualquer vestígio de sua ligação com a morte de Larissa.

Segundo a polícia, José Roberto confessou que foi buscar “Henrique” em São Paulo, no mesmo 23 de outubro em que a estudante desapareceu. O homem contratado como pistoleiro, por sua vez, apareceu acompanhado de uma mulher. Os três, então, seguiram diretamente para o terminal rodoviário de Extrema, onde renderam Larissa.

Ainda de acordo com a confissão, a estudante foi levada para à casa de José Roberto, onde o casal a matou, colocou o corpo no porta-malas do carro do agenciador e jogou o cadáver às margens da estrada, no Bairro Ponte Alta. O veículo do pai de Larissa, por sua vez, foi abandonado na Rua Benedito Zingari, no Bairro Jardim Monte Alegre, também em Extrema.
O casal recebeu R$ 1 mil para matar a estudante e foi levado de carro por José Roberto de volta a São Paulo, até as proximidades da rodoviária de Bragança Paulista.

Para a Polícia Civil, a mensagem que a estudante descobriu no celular do namorado, enviada por José Roberto, foi a sentença de morte dela. Segundo o agenciador de modelos, a estudante passou a questionar Luccas, mas ele a convenceu de que não havia nada entre ele e José Roberto. No entanto, Lucas passou a trabalhar na loja de José Roberto e as desconfianças de Larissa voltaram. Ela vinha exigindo mais atenção e dedicação do namorado. “Segundo José Roberto, a resistência de Lucas em romper o namoro com a estudante e assumir a relação homossexual perante a sociedade fez com que a morte de Larissa se apresentasse como a única saída para o problema. As primeiras informações sobre o crime fizeram com que moradores de Extrema saqueassem a loja de José Roberto, após saberem de seu envolvimento no homicídio”, relata a Polícia Civil.

Ainda de acordo com a polícia, um terceiro suspeito, também com prisão preventiva decretada pela Justiça, será investigado. O delegado ainda está à procura do executor “Henrique” e da mulher que agiu com ele no assassinato da estudante universitária. “Desde o desaparecimento da estudante, nossa equipe não parou um dia sequer, nem aos finais de semana e no feriado.
Fizemos todos os levantamentos e não vamos parar enquanto o caso não ficar totalmente esclarecido”, afirmou Valdemar Lídio.

Devido ao estado em que foi encontrado, o corpo de Larissa somente foi reconhecido pela mãe da estudante, ainda no local onde os criminosos o abandonaram, a partir das roupas, sapatos e brincos que ela usava no momento em que desapareceu. As unhas das mãos, pintadas de azul brilhante, também ajudaram a eliminar as dúvidas iniciais. A causa da morte será confirmada somente por meio do laudo de necropsia.






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