Todo ano, a história se repete: com a aproximação do Natal, a sensação é de que a população de rua aumenta na capital mineira. São homens, mulheres e crianças pedindo ajuda em sinais de trânsito, em portas de lojas e de supermercados. De acordo com a coordenadora do Comitê de População de Rua da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Soraya Romina, esse crescimento é por conta da busca de doações no período natalino, mas não necessariamente são pessoas em situação de rua. Prova disso, segundo ela, é que a demanda dos serviços oferecidos pelo município não sofre alteração, como nos abrigos, repúblicas, albergues e unidade de pós-alta hospitalar. “A gente tem casos de pessoas que vêm da região metropolitana para pedir esmola. Outras chegam do interior para tratamento de saúde e aproveitam para pedir uma cesta básica na rodoviária para o fim de ano”, disse.
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Campanha incentiva distribuição de bolsa com kit de ajuda para moradoras de rua em BHProjeto transforma rua de Belo Horizonte em campo de inclusão social para moradores de ruaDe acordo com Soraya, a Regional Centro-Sul concentra 60% dos casos de pessoas em situação de rua.
Nas abordagens de rua, segundo Soraya, muitos concordam em ir para os abrigos e outros retornam para suas famílias. “Os equipamentos públicos oferecem mil vagas, fora outros serviços como consultório de rua, restaurante popular, programa Bolsa-Moradia e cursos de capacitação profissional”, reforça.
PONTOS PARA REFLEXÃO Na manhã de ontem, uma senhora idosa dormia tranquilamente no passeio da Rua Guajajaras com a Avenida João Pinheiro, no Centro de Belo Horizonte, emoldurada por uma obra do grafiteiro Gud de Assis, bastante conhecido por levar cor e reflexão aos seus trabalhos. São expressões profundas que retratam a realidade e o cotidiano das pessoas. A imagem é de um homem escovando os dentes.
Gud conta que descobriu seu talento com um colega que foi morar em Brasília (DF), em 1996, e voltou grafiteiro. “Eu era pichador e fiquei preso alguns dias por isso. Não gostei da prisão. Meu pai foi me buscar na delegacia e chorou muito. Resolvi, então, mudar o movimento das ruas com o grafite”, disse o ex-pichador, que já foi frentista em posto de combustível, vendedor de sorvete e trabalhou em loja de calçados.
Desde então, são 18 anos como grafiteiro, dos quais 12 profissionalmente.