O comerciante José Roberto dos Santos Freire, preso como suspeito pelo assassinato da universitária Larissa Gonçalves de Souza, em Extrema, no Sul de Minas, já esteve envolvido em um esquema de corrupção na Prefeitura de Avaré, interior de São Paulo.
Ele foi diretor do Núcleo Avareense de Diversidade Sexual (Nadsex) e, em 2012, um escândalo veio à tona, revelando um suposto esquema em que os eventos realizados pelo Núcleo eram usados como forma de faturar quantias extras por meio da emissão de notas fiscais duplicadas. José Roberto foi exonerado do cargo e o caso passou a ser investigado. O delegado Rubens César Garcia Jorge, de Avaré, confirmou o envolvimento dele no esquema.
Ainda em 2012, outro suspeito de envolvimento no esquema, Alfredo Alderighi Massetti Júnior, morreu misteriosamente no que foi considerado por parentes uma "queima de arquivo". O caso é investigado pela polícia de São Paulo. Alfredo teria sido namorado de José Roberto.
EXTREMA O crime em Extrema, no Sul de Minas, na divisa com São Paulo, comoveu a cidade. O esclarecimento do assassinato da universitária Larissa Gonçalves de Souza, de 21 anos, que havia desaparecido em 23 de outubro, espalhou indignação entre os mais de 33 mil habitantes do município, a 484 quilômetros de Belo Horizonte. Segundo a polícia, a morte foi consequência da descoberta do relacionamento entre o namorado dela, o modelo Luccas Rodrigo Gamero, de 22 anos, e o patrão dele, o comerciante José Roberto dos Santos Freire, de 35. A informação é do delegado Valdemar Lídio, que investiga o caso. Luccas nega envolvimento, mas teve a prisão temporária de 30 dias decretada ontem, depois de cair em contradição em três depoimentos. De acordo com a Polícia Civil, há dois meses Larissa havia lido uma mensagem trocada entre o rapaz e o comerciante e, desde então, vinha pressionando o namorado. A revolta na cidade é tamanha que a loja de que José Roberto é sócio foi depredada e incendiada. Os dois investigados foram levados para o presídio de Pouso Alegre.
José Roberto, que também montou uma agência de modelos, foi preso na terça-feira, mesmo dia em que o corpo da estudante foi encontrado em adiantado estado de decomposição, em uma ribanceira em Extrema. Em depoimento, ele confessou ter contratado um casal para sequestrar Larissa – namorada de seu funcionário, com o qual afirma que mantinha um relacionamento. Ontem à tarde, enquanto Luccas depunha, moradores da cidade faziam um protesto em frente à delegacia, clamando por justiça. No grupo estava a mãe da estudante, Nicéia de Oliveira Souza, que resistia em acreditar no envolvimento do rapaz. “Até que se prove o contrário, não creio na participação dele”, disse ela.
O delegado Valdemar Lídio afirmou ter pedido a prisão temporária de Luccas – acusado por José Roberto de ser o mentor do crime – para facilitar o esclarecimento de questões ainda nebulosas. Desde a confissão do comerciante, porém, as suspeitas na cidade recaem sobre o envolvimento do rapaz. Ele ainda foi ao velório de Larissa, na madrugada de ontem, mas, apesar de bem acolhido pela família, foi hostilizado por presentes, o que exigiu a presença da polícia.
Larissa cursava biomedicina em uma faculdade em Bragança Paulista (SP), a 30 quilômetros de Extrema. De segunda a sexta-feira, costumava deixar o Fiat Siena de seu pai estacionado à tarde na rodoviária da cidade, de onde seguia de ônibus para a faculdade. Um dia depois de seu sumiço, o comerciante José Roberto chegou a postar na internet uma mensagem de apoio à família, na página da loja de que é sócio. No texto, dizia que torcia para que “tudo não passasse de uma brincadeira”.
De acordo com a confissão de José Roberto, a estudante foi levada para a casa dele, onde o casal a matou, antes de ajudá-lo a se livrar do corpo. O veículo do pai de Larissa foi abandonado no Bairro Jardim Monte Alegre, em Extrema. Os executores foram levados de carro por José Roberto de volta a São Paulo.