Até a manhã desta sexta-feira o Corpo de Bombeiros havia resgatado 500 pessoas em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na Região Central do estado. Os sobreviventes estavam ilhados desde a tarde passada, após o rompimento das barragens da mineradora Samarco.
Foram horas de desespero, tentativas de socorro, orações. Muitas pessoas viram a morte de perto. A ajuda chegou por três helicópteros do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil nesta manhã. As imagens da fila de sobreviventes, carregando crianças, os poucos pertences que conseguiram salvar, além de animais de estimação, ganharam o país. Confira os relatos de algumas das vítimas:
"Teve uma senhora que não quis sair. Foi tentar buscar documentos. Outro senhor se fechou em casa e disse que a água não iria entrar. Não deu pra salvar todo mundo. Pelo menos quatro conhecidos morreram". Altieris Caetano, 33 anos.
"Foi como um filme de terror. Gente gritando, correria. Ouvimos zueira (sic) e muito barulho. Subimos em uma pedra alta e só deu pra ver a lama vindo muito rápido. Só deu tempo de salvar a vida. Não dá pra pensar em pegar nada. Vi gente ficando para trás e que não dava pra ajudar. É um sentimento horrível. Nem sei ao certo quantos morreram e quem são. Agora é Deus que sabe né. Aqui nã dá pra ficar mais". Marcone de Souza, 19 anos.
"Salvamos umas 12 pessoas. Incluindo três crianças. Tivemos que pular no barro e tiramos as pessoas de dentro da lama. Estávamos tentando socorrer familiares e os bombeiros e a polícia dificultando quando deveriam estar nos ajudando. Disseram que iam nos prender se passássemos. Era nossa família gritando. Tinha gente a poucos metros e fomos nós que pulamos no barro e entramos no meio do mato". Jefferson Inácio, 28 anos.
"Quem não acredita em Deus, passou a acreditar depois do que aconteceu aqui. Minha sogra, cunhada e sobrinha estavam numa casa mais pra baixo do que a minha. Minha mulher ficou desesperada e meu filho pegou o carro correndo para salvá-las. Dez minutos atrasado e não tinha dado tempo" - Adair Mariano, de 56 anos. Ele é vigilante da barragem e não estava trabalhando ontem. Ele mora em Bento Rodrigues há 30 anos. “Aqui agora fica só na lembrança né? Não dá pra morar mais. A cidade foi devastada. Escola, posto médico... Foi tudo pra debaixo da lama. Precisamos (os moradores) de uma resposta da empresa".