Jornal Estado de Minas

Força-tarefa fará varredura em busca de sobreviventes em Bento Rodrigues


Equipes da força-tarefa montada em Mariana, na Região Central do estado, para atuar na tragédia de rompimento das barragens do Fundão e de Santarém, em Bento Rodrigues, vão fazer uma varredura no início da tarde desta sexta-feira pelo percurso por onde a lama das represas desceu, levando tudo o que estava pela frente. De acordo com o comandante-geral do Corpo dos Bombeiros, coronel Luiz Henrique Gualberto Moreira, o trabalho será feito em terra por equipes de carro e com a ajuda de jipeiros, que conhecem bem trilhas existentes na região e também no ar, com uso de aeronaves. Segundo ele, já chega a 13 o número de helicópteros que estão sendo usados na tentativa de localização e resgate de vítimas. Além do Arcanjo, do Corpo de Bombeiros, há aeronaves das Polícias Civil e Militar, além do Gabinete Militar do governo do estado e outros particulares, contratados pela empresa Samarco. “Vamos descer ao longo da barragem à procura de pessoas desaparecidas e de possíveis feridos”, afirmou o coronel.

O trabalho em campo vai servir também para levantamento de pistas que possam ajudar a elucidar o acidente. Equipes da Polícia Civil no local já deram início ao trabalho de perícia, na tentativa de verificar o que causou o rompimento da barragem. Apesar disso, o coronel afirmou que ainda é cedo para presumir o que possa ter ocorrido. “Será necessário um trabalho muito científico”, disse, adiantando que o rompimento das barragens causou um dano ambiental gigantesco.
“Os dejetos desceram numa extensão de aproximadamente 30 quilômetros a partir do local do sinistro. Ainda estamos tentando mensurar toda a área afetada”.

Sobre o número exato de vítimas da tragédia, o comandante explicou que a lista de desaparecidos ainda está sendo fechada por ainda haver divergências. “Estamos fazendo a recontagem. Acredito que no meio da tarde vamos ter um número exato. Inicialmente, seriam 10 desaparecidos no distrito de Bento Rodrigues e mais 14 funcionários da empresa Samarco. Mas esses números ainda não são os oficiais”, afirmou. Para finalizar a lista, o coronel informou que as pessoas levadas para os abrigos estão sendo registradas, para que uma nova recontagem seja feita.
“Os bombeiros estão passando nas comunidades e vendo se alguém ficou para trás. Infelizmente, neste tipo de acidente, é comum as pessoas voltarem para buscarem documentos ou animais de estimação e não conseguirem voltar”, lembrou.

Até o fim desta manhã, havia sido confirmada a morte de uma pessoa e ferimentos em nove. Quatro feridos  foram levados para o Hospital Monsenhor Horta de Mariana e outros encaminhados para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte. São três mulheres e duas crianças: Priscila Monteiro Isabel, de 28 anos; Darcy Francisca Santos, de 62; Marcelina Xavier Felipe, de 75; Nicolas Fernandes, de 3; e Kayque Monteiro Barros, de 2 anos. Esta última criança chegou de madrugada e veio acompanhada de uma avó. Ele é filho de Priscila, que está grávida e foi levada nesta no meio da manhã para a Maternidade Odete Valadares para avaliação e depois vai retornar para o João XXIII. Ainda abalados, os pacientes permanecem no setor de observação da unidade hospitalar e o quadro de saúde de todos é estável. Apesar disso não têm previsão de alta.

- Foto: Arte Valf/Marcelo Monteiro/Paulinho Miranda/Janey Costa
.