O senador Aécio Neves (PSDB) cobrou na manhã deste domingo da Samarco uma resposta aos atingidos pelo rompimento das barragens do Fundão e Santarém, que arrasou o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e espalhou milhoões de toneladas de lama que já estão a caminho do Espírito Santo. Segundo ele, ainda que a legislação não obrigasse, o “bom senso” indicava que a mineradora devia ter instalado sinais sonoros de aviso para a população antes da tragédia e não dois dias depois, como foi anunciado. Ele também cobrou uma resposta da empresa sobre o risco do rompimento de uma terceira barragem no mesmo local.
“Não sou especialista, mas, como cidadão, me parece algo óbvio que o sinal sonoro possa existir. Há uma palavra que já ouvi de um dirigente da empresa de que não há essa determinação na legislação, mas o bom senso orientaria para que houvesse esse alerta”, afirmou Aécio. O senador disse que entrará em contato com o presidente da Samarco para pedir que ele receba os familiares dos empregados desaparecidos, o que não foi feito até agora.
O tucano disse que não é hora de apontar culpados, mas que caberá à empresa “grande parte da responsabilidade de reconstruir a vida dessas famílias que perderam suas casas, já que as vidas eles não poderão recuperar”.
Segundo o senador, que governou o estado de 2003 a 2010, desde meados de 2000 o estado classifica as barragens por grau de risco e aquelas classificadas com três – casos em que há população próxima que pode ser afetada por eventuais rompimentos – são fiscalizadas pelo menos uma vez por ano. “Não tenho informações para antecipar responsabilidades, mas fica o alerta, a meu ver da forma mais traumática possível para que outras barragens de nível três, como chamávamos, possam ter um acompanhamento permanente por parte do poder público”, disse.
Aécio sobrevoou o local da barragem e disse que a olho nu parece não haver risco de um novo rompimento, mas lembrou que as duas afetadas também não deviam aparentar risco. Aécio mencionou o fato de haver crianças desaparecidas e disse que “há sempre esperança” de alguém ser encontrado. Ele cobrou da Samarco e do poder público uma resposta sobre o eventual risco de um novo desastre. O tucano disse que a bancada mineira vai se reunir na segunda-feira para discutir ações, como cobrar do governo federal recursos e, se for o caso, destinar verbas de emendas para o local. Depois da entrevista, Aécio seguiu com uma comitiva de deputados para visitar o prefeito Duarte Junior (PPS) no hospital.