Jornal Estado de Minas

Vítimas da tragédia em Mariana levam vida improvisada em hotéis


Eles antes eram vizinhos de casa. Agora, são vizinhos de quarto e até de cama. Hotéis de Mariana abriram as portas para os 588 desabrigados de Bento Rodrigues, devastado pelo rompimento das barragens de Fundão e Santarém. As hospedarias são o endereço do recomeço, o novo lar, ainda que transitório, de quem viu o passado se apagar com a lama. Casas de solidariedade, mas que também recebem a visita indesejada de oportunistas.

O Hotel Providência, que abriga 130 pessoas, além de reunir doações destinadas aos necessitados, foi alvo da ação de pessoas que não foram atingidas pelo acidente e entraram ali para pegar mantimentos e donativos. A situação levou o hotel a controlar o acesso de visitantes.

Logo na entrada, é possível avistar uma pilha de roupas amontoadas na capela.  Há um trança-trança de gente carregando crianças, donativos e alimentos. Em um alojamento no local, há camas enfileiradas a perder de vista, famílias reunidas uma ao lado da outra sem saber direito como recomeçar.

Marly de Fátima Felício, de 31 anos, uniu três camas de solteiro, onde dormem ela, o marido e duas filhas. “O pessoal está sendo bem solidário.
Não podemos reclamar”, afirma Marly, que divide a alegria dessa corrente de fraternidade com a dor da falta de notícias da mãe. “Para a gente que está na espera, as buscas estão muito demoradas. A última vez que vi minha mãe foi às 15h30, quando ela saiu da minha casa para ir ao salão na parte baixa de Bento”, diz.

A Samarco está pagando a hospedagem dos desabrigados.
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