A lama de rejeitos de mineração das barragens que cederam em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, continuam descendo pelo Rio Doce. A sujeira desce pela calha do manancial e já provoca transtornos em cidades mineiras. Agora, a poluição se aproxima de municípios capixabas. Para tentar impedir estragos e o desabastecimento, a Prefeitura de Linhares e o governo do Espírito Santo estão aumentando a foz existente entre o rio e o Rio Pequeno, principal fonte de captação da cidade, para a passagem da sujeira. Moradores estão sendo alertados para o consumo da água diretamente do manancial.
De acordo com o Sistema de Alerta de Cheias da Bacia do Rio Doce do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), é que a poluição chegue a Linhares nesta quarta-feira. A barragem na cidade tem dois metros de altura e 20 metros de comprimento. Para acelerar a passagem dos detritos, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) começou a ampliaçã da foz.
A Defesa Civil do Espírito Santo recomendou que os moradores deixem os locais próximos o Rio Doce, pois ainda não se sabe qual altura poderá chegar a onda durante a passagem pela região. A Prefeitura de Linhares recomendou que a população evite o contato com a água, por precaução, e interrompa o consumo de água. “Os pescadores devem sair do rio e amarrar seus barcos em áreas mais altas para evitar que suas embarcações sejam carregadas pelas águas”, comunicou a administração municipal.
Estragos em Minas
A onda de poluição já passou por diversas cidades mineiras. Dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) mostram que a onda de cheia passou com maior força pela Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, em Rio Doce, na Zona da Mata, na última sexta-feira, levando o Rio Doce a uma vazão de 1.900 metros cúbicos por segundo no local. Durante o fim de semana a vazão foi diminuindo e a última medição do CPRM mostra o manancial a uma vazão de 585 metros cúbicos por segundo ontem a tarde em Governador Valadares, quando foi notificada o início da cheia na cidade.
A prefeita de Valadares, Elisa Maria Costa, solicitou da mineradora Samarco 80 caminhões-pipa para atender a população da maior cidade da Bacia Hidrográfica do Rio Doce em caso de desabastecimento. A chefe do executivo municipal informou que a captação no Rio Doce, atingido pela lama que vazou das barragens de Bento Rodrigues, em Mariana, foi totalmente interrompida no início da tarde desta segunda-feira hoje, graças à chegada de uma camada mais espessa de resíduos da mineração.