O resultado da primeira amostra de água do Rio Doce coletada para análise depois do rompimento das duas barragens em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, em Minas Gerais, apontou índice de turbidez 11.900 vezes superior ao recomendável no caso de envio para estações de tratamento para abastecimento humano. A amostra foi recolhida no município de Rio Doce, a 100 quilômetros do local da tragédia, pelo Centro de Tecnologia e Inovação da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) a pedido do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).
Segundo o relatório, a água recolhida no município de Rio Doce apresentou entre 435.400 e 597.400 unidades de turbidez. "Medidas acima de 50 NTU (unidades de turbidez) requerem filtração, coagulação química para a remoção dos sólidos suspensos e melhor eficiência no processo de desinfecção da água para o seu tratamento para abastecimento", afirma o relatório. A amostra foi recolhida no sábado, 7, portanto, dois dias depois da queda das barreiras, que já deixou dois mortos e 25 desaparecidos.
No município, fica a hidrelétrica Candonga, com capacidade para 140 megawatts, a primeira de outras duas de porte semelhante ou maior no caminho do Rio Doce até o deságue, em Regência, distrito de Linhares, no Espírito Santo. Com o rompimento das duas barragens, a usina, que tem a Mineradora Vale, controladora da Samarco, como sócia, teve que ser desligada.
Conforme o relatório, a "turbidez na água, nessa situação, foi provocada pela presença do rejeito de minério deixando a sua aparência opaca (marrom avermelhada), podendo reduzir a penetração da luz, prejudicando a vida aquática".
Segundo relatos de moradores do município de Rio Doce, é possível ver um grande número de peixes mortos na passagem do curso d'água pela região. O prefeito da cidade, Silvério Joaquim da Luz (PT), divulgou relato afirmando haver "quilômetros de matas ciliares destruídas, lama fétida e outras tantas toneladas de madeira boiando entre os pilares (da usina), formando pequenas barragens, estagnando a água".
O prefeito de Rio Doce afirmou ainda haver "prejuízo econômico incalculável para os municípios de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, pois não se sabe quando a usina voltará a produzir energia". Ambos recebem royalties por terem parte de seus territórios inundados pelo reservatório da hidrelétrica.