Um incêndio de grande proporção causa destruição no Parque Estadual da Lapa Grande, importante área de sítios arqueológicos e nascentes, situado próxima a área urbana, no município de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, desde a última sexta-feira. Uma força-tarefa, constituída por equipes do Corpo de Bombeiros, brigadistas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), da Defesa Civil e voluntários tentam controlar as chamas e evitar que venham atingir as grutas, cavernas e sítios arqueológicos do parque. Também é feito esforço para impedir que as chamas avancem em direção à área urbana.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, até a manhã desta segunda-feira, foram destruídos cerca de 3 mil hectares, o que corresponde a mais de 40% área total do Parque Estadual da Lapa Grande, criado em 2006 e que tem 7,84 mil hectares. A área de proteção ambiental conta com 58 grutas, sendo a maior delas, da Lapa Grande, com 2,2 quilômetros de extensão. O parque reúne 47 sítios arqueológicos, com pinturas rupestres e objetos, que marcam a presença humana na região há mais de 8,5 mil anos, de acordo com estudos realizados pelo professor Lucas Bueno, do Museu de Historia Natural, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Além de concentrar importantes elementos da fauna e da flora (predominância de cerrado), suas nascentes respondem por 30% da água fornecida para a população de Montes Claros (394,5 mil habitantes), cidade que enfrenta racionamento. Em função da seca, a barragem do Rio Juramento/Sistema Rio Verde (que abastece 70% da população local) está com 23% de sua capacidade.
Em vários locais do Parque da Lapa Grande, as equipes de brigadistas da força-tarefa não conseguem aproximar das chamas porque o incêndio áreas de difícil acesso. As equipes contam com o apoio de dois aviões de um helicóptero do IEF. “O problema é que as chamas estão muito altas. Com o calor muito forte, a água lançada pelos aviões evapora rapidamente”, reclamou um dos homens do Corpo de Bombeiros envolvido nos trabalhos.
Nesta segunda-feira, foram mobilizadas cerca de 80 pessoas no combate às chamas, incluindo 40 homens do Corpo de Bombeiros. Nesta terça-feira, a força-tarefa vai iniciar uma nova estratégia para tentar controlar o fogo, com o uso de tratores para fazer aceiros e impedir que as chamas cheguem até as áreas de cavernas, sítios arqueológicos e nascentes.