Mariana – O medo de enfrentar uma nova avalanche de lama – desta vez ainda maior que a primeira – voltou a fazer soar o alerta em povoados de Mariana, na Região Central do estado. Por causa do risco de rompimento da Barragem do Germano, a maior da empresa Samarco na região, foram novamente fechados ontem os acessos ao subdistrito de Bento Rodrigues, devastado pela avalanche de rejeitos dos reservatórios do Fundão e de Santarém, rompidos há uma semana. O anúncio de que o lugarejo estava condenado e que o acesso estaria bloqueado por tempo indeterminado foi dado ontem, por volta das 10h, pela Polícia Militar, quando moradores tentavam voltar às casas que permaneceram de pé. Em entrevista coletiva, o presidente da Samarco, Ricardo Vescovi – ao lado dos representantes da Vale e da australiana BHP Dilliton, controladoras da empresa –, se limitou a dizer que as estruturas da barragem estão estáveis, mas admitiu que foi necessário que fosse aumentado seu “grau de segurança”.
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O Superintendente da Defesa Civil de Minas Gerais minimizou os riscos do rompimento.
Segundo o presidente da Samarco, intervenções são feitas no dique do Germano, com apoio do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, para garantir o máximo de segurança. Porém, em vídeo gravado com exclusividade pelo Estado de Minas na manhã de ontem, o tenente Sebastião Nogueira, que comandava a equipe do Batalhão de Choque da 3ª Companhia de Missões Especiais de Lagoa Santa, informava a moradores que o risco era alto. “Infelizmente, tenho uma notícia ruim pra vocês: uma das paredes de sustentação da barragem trincou e a empresa está fazendo uma intervenção na estrutura. Por isso, não será possível mais descer para Bento Rodrigues. Neste momento, temos que preservar a vida humana.
Depois de pedir desculpas à população, o tenente informou ainda que o povoado de Paracatu de Baixo já havia sido evacuado e que outras comunidades abaixo do ponto da barragem estavam em alerta. Assim como o tenente, o major Rubem Cruz, assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, chegou a dizer à reportagem do EM, no meio da manhã e por telefone, que o trabalho dos bombeiros havia sido alterado no local. “Estamos com uma pequena equipe e em uma área menor, fora das imediações de Bento Rodrigues. Os bombeiros estão de sobreaviso, em alerta”, afirmou. A mudança no trabalho, segundo ele, ocorreu porque a empresa daria início na tarde de ontem a uma intervenção na estrutura para escoamento da água, o que poderia representar risco de rompimento da estrutura.
Disse ainda que, por isso, não havia previsão de que o acesso a Bento Rodrigues fosse liberado. Ainda de manhã, o bloqueio da PM, que estava a três quilômetros do povoado, foi ampliado para 10 quilômetros.
O major foi enfático, porém, ao afastar o risco de rompimento da estrutura, mas disse que as medidas estavam sendo tomadas para evitar que os bombeiros ou a população corressem risco. “Tivemos algumas informações não oficiais, que trataram do possível rompimento da barreira.
Em nota divulgada na tarde de ontem, a mineradora negou “boatos, especialmente nas redes sociais, a respeito da instabilidade da Barragem do Germano”. “A Samarco reitera que todos os seus mecanismos de controle não apontam qualquer indício de abalo na estrutura”, conclui o texto..