Governador Valadares – Ao ver as panelas sujas sobre a pia, tanque cheio de roupa e os filhos sem água, dona Marlene Gonçalves, de 50 anos, tomou rumo pelo acostamento da BR-381. Governador Valadares, 15h15, 35°C de sol escaldante: com a caixa d’água vazia, sem um pingo na torneira desde semana passada, a aposentada juntou uma dúzia de garrafas pet, alguns galões e chamou os vizinhos mais jovens para ajudá-la a encontrar algum poço artesiano com o produto minimamente potável.
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Foram mais 40 minutos de volta entre paradas para trocar o saco de lado. Ao chegar ao bairro, as garrafas foram divididas: um pouco para a casa dos irmãos Danielly e Rafael Rodrigues, de 14 e 12 anos, outro tanto para Ariane Pereira, de 15, que ajudaram Marlene na saga.
SEM PREVISÃO A água, que começou a ser estocada pelos moradores desde o fim de semana, passou a faltar principalmente em comunidades mais carentes, sem reservatórios maiores. O Serviço Autônomo de Abastecimento e Esgoto (SAAE) aguarda a chegada de mais caminhões-pipa para garantir, pelo menos, o abastecimento de hospitais, escolas e creches. Só depois de atingir a quantidade mínima de 80 caminhões por dia que o Saae vai começar a bombear água para a população – o que não tem previsão.
“Há três dias não tem água. A gente estava pegando no poço, mas o dono fechou. Agora, estamos buscando no ribeirão”, explicou o carregador Giomar Machado, enquanto empurrava um carrinho de mão com galões, ajudado pela mulher e filhos.
Na Região Central, as filas continuam nas distribuidoras de água. Outra se formava desde cedo em frente uma loja de tambores e caixas d’água, esgotando o estoque de recipientes. Quem depende de água mineral para sobreviver tem sofrido com a alta, que tem sido monitorada pela Polícia Civil. “Eu doei um rim para minha esposa e a gente só pode tomar água de galão. Eu comprava por R$ 6, R$ 7 os 20 litros. Agora, está custando 10. O que tenho dura até sábado”, lamenta o militar Nelson Gomes, de 67 anos.
A economia da cidade vai se adaptando. O salão de beleza da família de Douglas Ribeiro Souza oferece desconto de R$ 5 para quem chegar com cabelo lavado.
Veja a situação dos valadarenses que sofrem com a falta d'água
Enquanto isso
Samarco responsabilizada
A Justiça determinou que a Samarco arque com os custos das ações emergenciais que serão tomadas para assegurar o abastecimento de Governador Valadares, que decretou estado de calamidade pública. A ação civil impetrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foi acatada ontem. Caso a empresa não cumpra as determinações, está sujeita a pagar multa diária de R$ 1 milhão. Na ação, o MP pede que a mineradora disponibilize 80 caminhões-pipa (800 mil litros de água por dia), especialmente para hospitais e escolas, 80 mil litros de óleo diesel, 50 reservatórios de 30 mil litros, um veículo com tração nas quatro rodas, um barco a motor, entre outras exigências.
Samarco responsabilizada
A Justiça determinou que a Samarco arque com os custos das ações emergenciais que serão tomadas para assegurar o abastecimento de Governador Valadares, que decretou estado de calamidade pública. A ação civil impetrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foi acatada ontem. Caso a empresa não cumpra as determinações, está sujeita a pagar multa diária de R$ 1 milhão. Na ação, o MP pede que a mineradora disponibilize 80 caminhões-pipa (800 mil litros de água por dia), especialmente para hospitais e escolas, 80 mil litros de óleo diesel, 50 reservatórios de 30 mil litros, um veículo com tração nas quatro rodas, um barco a motor, entre outras exigências.
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