A lama que devastou povoados e castiga o Rio Doce por conta do rompimento de duas barragens da Samarco em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, segue assolando Governador Valadares, a maior cidade da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, com cerca de 280 mil pessoas. O gerente-geral da Usina Hidrelétrica de Baguari, Walter Leite, informou que a vazão do manancial diminuiu e agora a impressão é que os resíduos da mineração estão ainda mais concentrados na água.
"Comparando a situação de hoje e ontem, a situação está um pouco pior em virtude da maior concentração da lama. Nesse momento a vazão do Rio Doce é de 126 metros cúbicos por segundo", afirma o gerente. O pico registrado na usina chegou a 760 metros cúbicos por segundo. A primeira onda de lama mais densa chegou em Baguari por volta das 9h20 da última segunda-feira e gastou 16 horas para entrar na zona urbana de Governador Valadares.
Isso significa que a situação da captação de água em Valadares ainda está longe de ser resolvida. Testes do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) municipal mostraram que a concentração de ferro bateu 10 mil vezes acima do permitido para tratamento. A prefeitura tem usado caminhões-pipa para garantir o abastecimento dos locais prioritários e aguarda a chegada de uma locomotiva da Vale, uma das operadoras da Samarco, para usar vagões-tanque no transporte de água para a população.
A Polícia Federal da cidade suspendeu, ness quarta-feira o expediente por conta da falta de água. Segundo a assessoria de imprensa da corporação, apenas o plantão está funcionando e os serviços normais só serão retomados quando o abastecimento estiver normalizado.
MAIS PROBLEMAS O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce está reunido neste momento em Governador Valadares para avaliar a situação do manancial. Prefeitos da Região Leste de Minas estão participando do encontro. O prefeito de Galileia, Rômulo Gonçalves (PMDB) informou que os cerca de 8 mil moradores estão completamente desabastecidos, pois a única captação é do Rio Doce. "Estamos desde terça-feira sem água, uma situação extremamente complicada. Fiz o pedido de seis caminhões-pipa para a Samarco e tive a notícia que dois já estão sendo enviados", afirma o prefeito que também decretou calamidade pública na cidade.