Jornal Estado de Minas

Presos dois suspeitos de atearem fogo no Parque Estadual da Lapa Grande em Montes Claros

Foram presos pela Polícia Militar de Meio Ambiente, nesta quinta-feira, Marcone de Souza Melo, de 25 anos, e Everaldo Martins dos Santos, de 45, suspeitos de terem provocado fogo na área do Parque Estadual da Lapa Grande, em Montes Claros (Norte de Minas). Durante seis dias, as chamas %u2013 que começaram na sexta-feira, dia 6 %u2013 consumiram mais de 2 mil hectares do parque florestal, que concentra sítios arqueológicos com marcas da presença humana na região há 8.500 anos. Na área estão as nascentes dos rios que respondem por 30% do abastecimento de água de Montes Claros (394,5 mil habitantes). Os dois homens foram presos como coautores de crime ambiental, já que estavam trabalhando para um produtor rural que ateou fogo em um terreno dentro de um terreno do Parque da Lapa Grande e as chamas se alastraram para outras partes da área de proteção ambiental. O produtor, cujo nome é mantido em sigilo, não foi localizado até o início da noite desta quinta-feira, mas também deverá ser preso assim que for encontrado. De acordo com o comandante da 11ª Companhia de Meio Ambiente do 10º Batalhão da Polícia Militar de Montes Claros, major Paulo Veloso, os dois presos foram contratados pelo produtor rural por R$ 40 %u2013 o valor pago para um trabalhador rural por um dia de serviço na região. Com o auxílio dos dois lavradores, o agricultor decidiu atear fogo numa área de desmate. Logo em seguida as chamas avançaram em direção a outros terrenos do Parque Estadual da Lapa Grande, provocando um incêndio de grande proporção. Devido ao forte calor e à vegetação seca, as chamas se propagaram rapidamente, atingindo áreas de difícil acesso do Parque Estadual da Lapa Grande, que concentra 58 grutas e cavernas e 47 sítios arqueológicos, que foram objeto de estudos por parte do Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e outros centros de pesquisas. Foi formada uma força-tarefa, constituída por mais de 80 homens do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, brigadistas do Instituto Estadual de Florestas e voluntários. Na tentativa de apagar as chamas, também foram usados dois aviões e um helicóptero.

Apesar de todo esforço, o incêndio provocou muita destruição na área, sendo controlado somente na tarde da última quarta-feira. O major Paulo Veloso disse que o produtor que é apontado como causador do incêndio no Parque da Lapa Grande deverá responder pelos crimes ambientais previstos em lei e também pagar multa pesada. Considerando o valor de R$ 2.353.800 por hectare destruído, o montante da multa a ser aplicada pode passar de R$ 5 milhões. O comandante da Companhia da Policia Militar de Meio Ambiente alerta que os produtores rurais devem evitar a antiga prática do uso do fogo para %u201Climpar%u201D terrenos. Ele salienta que a queimada é crime ambiental, previsto em lei. Ressalta que apenas em %u201Craríssimas exceções", a queimada é autorizada, mediante liberação e acompanhamento por parte do órgão ambiental. .