Sem previsão para o retorno da captação, tratamento e distribuição da água do Rio Doce aos cerca de 280 mil moradores de Governador Valadares, cidade mais importante da região cortada pelo manancial federal, o epicentro da crise causada pelo rompimento de duas barragens da Samarco em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, momentaneamente mudou de lugar. O ápice dos problemas se deslocou da Região Central de Minas para Valadares, no Vale do Rio Doce, onde a falta de água provoca desespero na população. Uma semana depois da tragédia, a presidente Dilma Rousseff veio a Minas Gerais, onde ficou pouco mais de cinco horas. Desembarcou às 10h10 no aeroporto da Pampulha, em BH, e seguiu para Mariana, mas não desceu em Bento Rodrigues, distrito devastado pelo rompimento das barragens, apenas sobrevoou de helicóptero. Depois seguiu para Governador Valadares, onde chegou às 13h e de onde partiu para Colatina às 15h30. A presidente anunciou uma multa de R$ 250 milhões à Samarco pelos danos causados ao meio ambiente. Por volta das 15h, moradores de Valadares bloquearam a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), em protesto contra a Vale, uma das controladoras da Samarco.
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RECUPERAÇÃO O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Sávio Souza Cruz, informou que esse trabalho pode durar cerca de 20 dias. “A experiência mostra que em média a capacidade de construção é de 700 metros por dia.
“A situação está muito difícil. Alguns clientes, como escolas, já não estão funcionando, o que já fez cair o faturamento. Funcionários reclamam que vão trabalhar sem tomar banho e sem roupa lavada. Tudo aqui é muito incerto, não sabemos o que pode acontecer nos próximos minutos sem água”, diz.
Na terça-feira, a prefeita Elisa Costa (PT) assinou um decreto que permite que a água de poços artesianos particulares sejam compartilhados. “Posto de gasolina, residências, empresas têm esses poços de captação. Nós assinamos um decreto que permite que essa água seja oferecida à população e estamos pedindo para que se faça doação”, explicou. O empresário Alcides Caumo, dono de um hotel e churrascaria no centro da cidade, reativou um poço artesiano. “Nosso poço estava desativado há 15 anos. Vamos fazer a análise já que o que temos na caixa não vai durar muito tempo”, afirma.
PROTESTO Por volta das 15h, moradores fizeram uma manifestação contra a falta de água e colocaram fogo em pneus na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).
CRÍTICA O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, criticou a postura de Dilma em relação à catástrofe em Minas. Em sua página no Facebook, ele afirmou: “Triste ver a pouca solidariedade que a presidente demonstrou em relação às vítimas da tragédia que ocorreu em Mariana. Ao decidir ir a Minas somente uma semana depois do desastre e depois das muitas críticas à sua postura de indiferença, a presidente deixa uma marca pessoal que não será esquecida pelos mineiros”. E completou: “É lamentável que a presidente não tenha nem sequer descido na cidade (Mariana) para ouvir os moradores e conhecer de perto a situação, tendo se limitado apenas a sobrevoar a área atingida. É realmente uma forma diferente de demonstrar solidariedade”.
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