Barra Longa – Depois do tsunami de lama, o alerta para o risco de doenças mudou os costumes de boa parte dos moradores de Barra Longa, o primeiro município atingido pela enxurrada de minério da Samarco, após os povoados da área rural de Mariana, onde funcionavam as barragens do Fundão (rejeitos) e Santarém (água). Agora, adultos e crianças da pacata cidade, com cerca de 6,5 mil habitantes, saem de casa protegidos por máscaras de pano contra nuvens de poeira levantadas a todo momento por tratores e caminhões usados na limpeza.
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Dilma fala em multa à Samarco e promessa de água para Governador ValadaresEM passa um dia em povoado isolado após tragédia em MarianaRelatos de vítimas do desastre em Mariana comovem identificadora da Polícia CivilPrefeito de Mariana confirma fissura em barragem da Samarco Governo federal cria comitê para avaliar respostas ao desastre em MarianaLucro de um mês da Samarco paga multa milionária por tragédiaA educadora Sandra Aparecida Carneiro, de 48, foi uma das primeiras moradoras a se vacinar. Ela teve contato direto com a lama, que invadiu sua casa, empenou as portas e destruiu vários móveis. As marcas nas paredes mostram que os rejeitos de minério e o barro subiram quase dois metros em alguns cômodos. “A gente fica perdida.
Sandra parece não acreditar na catástrofe que a obrigou a deixar a casa, a 300 metros do Rio do Carmo. A lama foi levada até o leito pelo tributário Gualacho do Sul, onde um número incontáveis de peixes, como dizem moradores, morreram. A sobra de minério matou dourados, tilápias, piabas, entre outras. Capivaras e outras espécies que ocupavam as margens dos rios também não resistiram ao desastre.
DANOS NOS IMÓVEIS A força dos rejeitos danificou imóveis no entorno da praça principal, afetou o varejo e colocou empregos em risco. Alguns comerciantes não sabem quando voltarão a abrir as portas. Houve quem precisou quebrar paredes para retirar a lama. A destruição levou pessoas às lágrimas.
Ele recorda da noite em que a lama das barragens chegou a Barra Longa. “Minha família não dormiu.
O vaivém de retroescavadeiras e tratores na cidade levanta nuvens de poeiras a todo momento. Caminhões-pipas molham as vias para reduzir a poeira, mas a medida não é suficiente para aliviar a dor causada pela tragédia. “Ainda dá vontade de chorar”, resume o servidor público Antônio Ladim..