Barra Longa – Depois do tsunami de lama, o alerta para o risco de doenças mudou os costumes de boa parte dos moradores de Barra Longa, o primeiro município atingido pela enxurrada de minério da Samarco, após os povoados da área rural de Mariana, onde funcionavam as barragens do Fundão (rejeitos) e Santarém (água). Agora, adultos e crianças da pacata cidade, com cerca de 6,5 mil habitantes, saem de casa protegidos por máscaras de pano contra nuvens de poeira levantadas a todo momento por tratores e caminhões usados na limpeza.
“Infelizmente, passou a ser um acessório obrigatório. E a poeira de minério é pior”, indignou-se o aposentado Adalto Barbosa, de 71 anos. Ontem, ele esteve na policlínica do lugarejo, para onde a Secretaria de Estado da Saúde (SES) encaminhou centenas de doses de vacinas antitetânicas e contra a hepatite B. “É uma precaução contra doenças que podem ocorrer em razão do estouro das barragens”, explicou Ana Paula Medrado, diretora de Políticas de Atenção Primária à Saúde da SES.
A educadora Sandra Aparecida Carneiro, de 48, foi uma das primeiras moradoras a se vacinar. Ela teve contato direto com a lama, que invadiu sua casa, empenou as portas e destruiu vários móveis. As marcas nas paredes mostram que os rejeitos de minério e o barro subiram quase dois metros em alguns cômodos. “A gente fica perdida. Já temos tantas dificuldades numa cidade pequena”.
Sandra parece não acreditar na catástrofe que a obrigou a deixar a casa, a 300 metros do Rio do Carmo. A lama foi levada até o leito pelo tributário Gualacho do Sul, onde um número incontáveis de peixes, como dizem moradores, morreram. A sobra de minério matou dourados, tilápias, piabas, entre outras. Capivaras e outras espécies que ocupavam as margens dos rios também não resistiram ao desastre.
DANOS NOS IMÓVEIS A força dos rejeitos danificou imóveis no entorno da praça principal, afetou o varejo e colocou empregos em risco. Alguns comerciantes não sabem quando voltarão a abrir as portas. Houve quem precisou quebrar paredes para retirar a lama. A destruição levou pessoas às lágrimas. A vida na cidade, como acredita José Geraldo Gazeta, de 54, vai demorar a voltar ao normal. O chão parece ter se aberto diante dos pés dele, um aposentado por invalidez com rendimento mensal de um salário mínimo. José fez um empréstimo bancário de R$ 7 mil e mobiliou sua casa, a 100 metros do rio. “Não sei o que vou fazer, pois devo muitas prestações e a lama acabou com muita coisa. Derrubou o muro. Levou um computador, três guarda-roupas, colchões, camas, cadeiras, entre outras coisas. Moro com minha esposa, o tio dela, minha mãe e uma neta”.
Ele recorda da noite em que a lama das barragens chegou a Barra Longa. “Minha família não dormiu. Foi desesperador. Tivemos de deixar nossa casa. Estamos morando de favor no lar da minha sogra”. José ergueu sua casa próximo à igreja de Nosso Senhor do Bom Jesus. O templo também foi vítima do tsunami. Operários passam o dia limpando o lugar sob o olhar atento de fiéis.
O vaivém de retroescavadeiras e tratores na cidade levanta nuvens de poeiras a todo momento. Caminhões-pipas molham as vias para reduzir a poeira, mas a medida não é suficiente para aliviar a dor causada pela tragédia. “Ainda dá vontade de chorar”, resume o servidor público Antônio Ladim.
“Infelizmente, passou a ser um acessório obrigatório. E a poeira de minério é pior”, indignou-se o aposentado Adalto Barbosa, de 71 anos. Ontem, ele esteve na policlínica do lugarejo, para onde a Secretaria de Estado da Saúde (SES) encaminhou centenas de doses de vacinas antitetânicas e contra a hepatite B. “É uma precaução contra doenças que podem ocorrer em razão do estouro das barragens”, explicou Ana Paula Medrado, diretora de Políticas de Atenção Primária à Saúde da SES.
A educadora Sandra Aparecida Carneiro, de 48, foi uma das primeiras moradoras a se vacinar. Ela teve contato direto com a lama, que invadiu sua casa, empenou as portas e destruiu vários móveis. As marcas nas paredes mostram que os rejeitos de minério e o barro subiram quase dois metros em alguns cômodos. “A gente fica perdida. Já temos tantas dificuldades numa cidade pequena”.
Sandra parece não acreditar na catástrofe que a obrigou a deixar a casa, a 300 metros do Rio do Carmo. A lama foi levada até o leito pelo tributário Gualacho do Sul, onde um número incontáveis de peixes, como dizem moradores, morreram. A sobra de minério matou dourados, tilápias, piabas, entre outras. Capivaras e outras espécies que ocupavam as margens dos rios também não resistiram ao desastre.
DANOS NOS IMÓVEIS A força dos rejeitos danificou imóveis no entorno da praça principal, afetou o varejo e colocou empregos em risco. Alguns comerciantes não sabem quando voltarão a abrir as portas. Houve quem precisou quebrar paredes para retirar a lama. A destruição levou pessoas às lágrimas. A vida na cidade, como acredita José Geraldo Gazeta, de 54, vai demorar a voltar ao normal. O chão parece ter se aberto diante dos pés dele, um aposentado por invalidez com rendimento mensal de um salário mínimo. José fez um empréstimo bancário de R$ 7 mil e mobiliou sua casa, a 100 metros do rio. “Não sei o que vou fazer, pois devo muitas prestações e a lama acabou com muita coisa. Derrubou o muro. Levou um computador, três guarda-roupas, colchões, camas, cadeiras, entre outras coisas. Moro com minha esposa, o tio dela, minha mãe e uma neta”.
Ele recorda da noite em que a lama das barragens chegou a Barra Longa. “Minha família não dormiu. Foi desesperador. Tivemos de deixar nossa casa. Estamos morando de favor no lar da minha sogra”. José ergueu sua casa próximo à igreja de Nosso Senhor do Bom Jesus. O templo também foi vítima do tsunami. Operários passam o dia limpando o lugar sob o olhar atento de fiéis.
O vaivém de retroescavadeiras e tratores na cidade levanta nuvens de poeiras a todo momento. Caminhões-pipas molham as vias para reduzir a poeira, mas a medida não é suficiente para aliviar a dor causada pela tragédia. “Ainda dá vontade de chorar”, resume o servidor público Antônio Ladim.