A Justiça deferiu liminar em ação civil pública cautelar para determinar o bloqueio de R$ 300 milhões na conta da Samarco. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a quantia deverá ser usada exclusivamente para a reparação de danos causados às vítimas do rompimento das barragens do Fundão e Santarém, que arrasou o povoado de Bento Rodrigues e deixou seis mortos até agora. A decisão é do juiz Frederico Esteves Duarte Gonçalves, da Comarca de Mariana.
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O magistrado afirmou, ainda, que a questão requer cuidado para que a empresa não seja “demonizada” diante da “intensa comoção social”. Segundo ele, a empresa é uma companhia regularmente estabelecida há anos e “que, no cumprimento de seu objeto social, gera empregos diretos e indiretos e tributos, revelando-se como importante player das economias local, regional e brasileira”.
No entanto, continua o Frederico Esteves, o desastre não “lhe imuniza ao poder geral de cautela, que é imanente ao poder jurisdicional”.
Ainda segundo o TJMG, a determinação imediata do bloqueio também foi justificada pelo juiz. Segundo ele, “lides indenizatórias, como as que se avizinham, tramitam por anos no Judiciário, quer seja em razão do excessivo volume de feitos pendentes, quer seja pela possibilidade de manejo de inúmeros recursos, o que, evidentemente, num e noutro caso, posterga o trânsito em julgado das decisões”.
FUTURO INCERTO O magistrado destacou ainda alguns “fatos graves à higidez empresarial” que já estão acontecendo. Enumerou o possível rebaixamento dos papeis da empresa perante agências de classificação, a suspensão das atividades decretada pela Secretaria de Meio Ambiente estadual e a concessão de férias coletivas aos funcionários . “É dizer: o futuro da saúde financeira da Samarco, a meu exame, é altamente incerto”, concluiu.
Em relação ao valor, R$ 300 milhões, o magistrado afirma que é compatível “com a extensão do dano e não se divorcia da razoabilidade constitucional, ao se imaginar que mais de quinhentas pessoas foram atingidas imaterialmente e materialmente”, apesar de a principio a quantia impressionar.
Além disso, o juiz também citou os números financeiros da empresa: R$ 7,5 bilhões de faturamento em 2014 e lucro líquido de R$ 2,8 bilhões. “Ou seja: a cautela pretendida pelo Parquet (MPMG) representa pouco mais de dez por cento do lucro líquido de 2014 e menos de 4% do faturamento anual da companhia”. O bloqueio do dinheiro será efetivado pelo sistema Bacenjud, que permite a consulta e o envio de ordens judiciais às instituições financeiras.
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