Enquanto moradores de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, estão completamente sem água e ficam à mercê das decisões de empresas e autoridades para verem o problema amenizado, a solidariedade fala mais alto em Ipatinga, no Vale do Aço.
Distante cerca de 100 quilômetros de Valadares, Ipatinga não tem o abastecimento de água dependente do Rio Doce. E depois da notícia de que a Vale enviará vagões-tanques para distribuição de água potável em Valadares, dois tipos de sentimento tomaram conta da população. De um lado, um certo temor de desabastecimento, com a possibilidade de esgotamento da água também na região; de outro, uma corrente de solidariedade entre a população, que passou a comprar e enviar água à cidade vizinha.
Em uma das distribuidoras da cidade, a funcionária informa que não tem mais água para vender. "Hoje só estou atendendo telefone. Não tem mais água para vender. É muita gente comprando para enviar a Valadares", diz. "Aqui em Ipatinga você não vai encontrar em nenhuma distribuidora. Aqui, só hoje (nesta sexta-feira) chegaram 400 fardos com garrafas de 1,5l e vendi tudo. A mobilização para enviar água para Valadares é grande", afirma a funcionária de outra distribuidora.
Nos supermercados, os estoques também estão reduzidos, mas há água para vender e os funcionários dizem que não há motivo para pânico.
A água comprada por parentes de quem mora em Valadares ou simplesmente por solidariedade a desconhecidos é enviada por caminhões que se concentram em faculdades ou igrejas. Na Instituto Metropolitano de Ensino Superior Univaço, o analista de comunicação, Marcos Castro, conta que toda água que chega é enviada para a Igreja Presbiteriana do Cariru. Segundo ele, uma aluna da instituição, que também frequenta a igreja, tomou a iniciativa de organizar o recolhimento das doações e, com o apoio da instituição, também está havendo divulgação dentro do Instituto e por redes sociais.