O sofrimento vivido no momento da passagem da lama de rejeitos das barragens que se romperam em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, ainda está no olhar de Priscila Monteiro Isabel, de 28 anos. Ainda com ferimentos no rosto por causa da tragédia, a dona de casa, que é tia da garota Emanuelle Vitória Fernandes, de 5 anos, que morreu na avalanche, deixou o hospital nesta sexta-feira. Para ela, que perdeu um filho de três meses na tentativa de fuga, a ferida vai demorar a cicatrizar. "Ano que vem vou fazer 29 anos e vou lembrar que perdi a minha sobrinha. É muito triste. Vai ser difícil para mim. Vou lembrar que no meu aniversario não vou poder nem comemorar. Bens materiais tudo bem, porque a gente conquista, a gente consegue, mas a vida dela quem vai devolver para gente? Ninguém", desabafou.
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Foram emitidos mais de 600 novos documentos para vítimas da tragédia em MarianaSobe para sete o número de mortos na tragédia de MarianaPrefeito de Mariana quer R$ 500 milhões da Samarco para vítimas de tragédia ambientalPresidente do Ibama sobrevoa áreas devastadas por barragens em MarianaComo muitos moradores de Bento Rodrigues, o mais atingido pela tragédia, Priscila foi surpreendida com a passagem da lama.
A dona de casa seguiu as ordens e tentou se salvar. "Quando eu pulei, a árvore não suportou nem meu peso e nem do barro.
Todos foram para uma casa em um ponto mais alto do distrito, mas não conseguiram fugir da lama. "Subimos no sofá e falei: O ti, fica em pé em cima do sofá.
Depois da tragédia, Priscila foi levada para o hospital e recebeu alta nessa sexta-feira. A dona de casa contou que estava grávida de três meses e sofreu um aborto ao tentar fugir da lama. Ela não conseguiu nem saber qual era o sexo da criança. "Tinha consulta para o primeiro pré-natal no dia 6 (dia seguinte ao rompimento da barragem)", revelou.
A dona de casa está hoje ao lado dos filhos em um hotel de Mariana.