"Ele já trabalhou em Angola e no Haiti com mineração. Deu foi azar", diz Júlio Albino, de 64 anos. O homem é pai do operador de máquina de sondagem Samuel Vieira Albino, de 33 anos, que continua desaparecido. Junto com a esposa, o trabalhador continua em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, à espera do encontro do corpo do filho.
Com camisa branca e com a foto do filho, Samuel diz que desde o início sabia que o filho estava entre as vitimas. Ele estava trabalhando na construção da Estação do Move no Bairro Justinópolis, na Grande BH, quando soube do rompimento das barragens. "Estava ouvindo rádio na hora. Falei com o encarregado: acabei de perder um filho. Onde ele estava não tinha jeito de escapar" afirma.
Samuel trabalhava em uma máquina que tem uma plataforma que chega a 14 metros de altura, segundo Júlio. "Para você ver como é complicado. Nem a máquina eles conseguiram encontrar", desabafou.
Nesse sábado, ele foi chamado para reconhecer um dos corpos que estão no Cemitério de Mariana. Porém, não era do filho dele. "O legista falou que a pessoa era careca. Nem cheguei a ver. Eles estão com fotos do meu filho, então, sabem as características", disse.
Samuel trabalhava próximo das barragens Fundão e Santarém quando elas se romperam. Ele é empregado da empresa Geotécnica e tem quatro filhos.
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