Jornal Estado de Minas

Medo ronda Congonhas, cidade cercada por barragens de rejeitos da mineração


Congonhas
- Praticamente cercados por barragens de rejeitos da mineração, moradores de Congonhas, na Região Central do estado, estão temerosos de que se repita na cidade o que aconteceu em Mariana. Dono de um bar no Bairro Residencial, região mais baixa da cidade, emoldurada por uma das mais elevadas barragens da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Elias Araújo, 62, diz que anda tão aflito desde o desastre de Mariana que sua pressão arterial subiu. Mostrando a receita do médico, ele afirma ter certeza de que a barragem vizinha a seu estabelecimento e à sua casa “um dia vai estourar”. “Pode ser daqui a alguns anos, mas acho que isso vai acontecer”, afirma seu Elias. Mesma opinião de outros moradores do bairro e de toda a cidade que se articulam para impedir que essa barragem tenha sua altura elevada, como pretende a CSN.


Um inquérito para acompanhar o processo de licenciamento dessa elevação já foi instaurado pelo promotor Vinicius Alcântara Galvão. Congonhas abriga um complexo de 10 barragens, batizado de Casa de Pedra, todas pertencentes à CSN e localizadas na área urbana da cidade. Há dois anos, denúncias de problemas estruturais nessas barragens paralisaram as atividades da mineradora e foram alvo de outro inquérito instaurado pelo mesmo promotor. Uma entrevista dada por ele na época desses problemas circula nas redes sociais como se fosse de agora aumentando ainda mais o temor da população.
Nela, ele admite o risco de rompimento.


O promotor teve de convocar as rádios locais para fazer um pronunciamento e também soltar uma nota pública esclarecendo que os problemas constatados naquela  época, a partir de uma denúncia feita pela ONG Gota D’Água, já foram corrigidos depois de um longo processo e que o inquérito foi arquivado este ano, depois da emissão de um laudo emitido pelo setor de geologia do MP estadual. Na época a CSN chegou a ser multada em R$ 1milhão por irregularidades na renovação do licenciamento, que foi feito fatiado e não em conjunto, como tem de ser em obras dessa magnitude e risco, afirma o promotor. De acordo com ele, desde o rompimento das barragens em Mariana a população vive em “pânico”. “Os problemas daquela época poderiam sim ter causado o rompimento da barragem e uma tragédia na cidade, já que elas ficam dentro de Congonhas. Mas eles foram corrigidos foi feito um termo de ajustamento de conduta e um laudo emitido por técnicos do meio ambiente do Ministério Público afastaram os problemas que havíamos levantado”. Por meio da assessoria de comunicação, a CSN afirmou que todas as barragens de Congonhas têm garantias de segurança.

ELEVAÇÃO O que preocupa o MP agora, segundo ele, é a possibilidade de elevação da barragem. A CSN tenta aumentar em 22 metros a altura da barragem que rodeia o bairro Residencial, a mais elevada da cidade.

Hoje a mais alta está 933 metros acima do nível do mar, 62 metros acima do ponto mais alto da cidade, onde estão localizados os profetas de Aleijadinho. Uma das outras barragens está no mesmo nível que um dos bairros da cidade, o Eldorado, cuja população é quase o dobro de Bento Rodrigues, cidade dizimada pela lama da Samarco.

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