Governador Valadares - A água que sumiu dos tanques do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) no Vale do Rio Doce, reapareceu ontem na Estação de Tratamento de Água (ETA) Central depois de oito dias de paralisação total da captação. Mas a normalização total do abastecimento ainda deve demorar cerca de quatro dias, segundo o diretor do órgão, Omir Quintino de Oliveira. Enquanto a realidade das torneiras secas ainda persiste para a maioria da população, milhares de pessoas passaram o domingo inteiro na busca por água em um dos 14 pontos montados pela prefeitura para distribuição, desconfiados da solução definitiva.
Leia Mais
Semana começa com chuva e trânsito lento em várias regiões de BHPadre de Mariana pede que população apoie moradores das localidades atingidas por barragensMedo ronda Congonhas, cidade cercada por barragens de rejeitos da mineraçãoParentes se apegam à fé na busca por desaparecidos na tragédia de MarianaEM percorre o que sobrou de Bento Rodrigues, povoado sugado pela lamaFotógrafo mineiro Sebastião Salgado defende criação de um fundo para salvar o Rio DoceDoações e ajuda às vítimas da tragédia em Mariana chegam de todo o paísApós abastecimento ser suspenso, água chega às regiões baixas de Governador ValadaresMoradores vão escolher onde será construído novo Bento RodriguesMoradores de Brasília arrecadam água para doar a Governador Valadares.
Ontem, milhares de moradores lotaram os 14 pontos montados pela prefeitura para distribuição de água. A movimentação continuou intensa no Centro, onde milhares de fardos de água mineral de 1,5 litro foram distribuídos. No Bairro Santos Dumont, dois reservatórios de 20 mil litros cada foram muito procurados. A água disponibilizada era a chance de muitos lavarem vasilhas, usarem no banheiro e tomarem banho. Mesmo com a promessa do governador Fernando Pimentel (PT) de que o abastecimento estará totalmente regularizado ao longo da semana, o pedreiro Milton Luiz da Silva, de 56, não quis correr nenhum risco. “Tenho um tanque razoável que estou enchendo para garantir todas as necessidades. Desde segunda-feira que não tem nada e não dá para ficar esperando”, afirma.
Ontem, milhares de moradores lotaram os 14 pontos montados pela prefeitura para distribuição de água.
O carpinteiro Geraldo Souza, de 58, teve que encarar o mormaço da manhã de ontem em Valadares para pegar água de uma cisterna no Bairro Porto das Canoas. Com um tambor de 200 litros puxado por um cavalo, ele pretendia garantir mais tranquilidade para a mulher, filha e uma neta.
Na Escola Municipal Chico Mendes, apenas a água potável tinha chegado nas duas caixas maiores de manhã. A água mineral só chegou na hora do almoço e um batalhão de voluntários foi recrutado para descarregar o caminhão. O comerciante Alex Rosa, de 39, era quem ditava o ritmo. “Vai, vai, vai. Vamos logo gente! Nessa hora tem que ajudar, se não vira tumulto e as pessoas continuam desesperadas”, diz ele.
PROTESTO NA RODOVIA Revoltados com a falta de água na comunidade de Pedra Corrida, distrito de Periquito, no Vale do Rio Doce, a 30 quilômetros de Governador Valadares, cerca de 200 moradores do vilarejo fecharam ontem a BR-381. Eles bloquearam o trânsito no Km 177 com pneus e troncos de árvores e atearam fogo, exigindo a presença de representantes da Samarco. A Copasa, responsável pelo abastecimento de Pedra Corrida,interrompeu a captação e a população estava desabastecida, segundo o líder comunitário Marcelo Venâncio, 37 anos.
“Vinham caminhões e colocavam água no reservatório da Copasa, mas não dava para nada.
A Copasa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o abastecimento foi interrompido por conta da situação do Rio Doce e que não distribui água imprópria para o uso. O abastecimento está sendomantido em sistema de rodízio por meio de caminhões-pipa, informou a empresa. A Samarco foi procurada, mas não retornou os contatos.