A lama das barragens de minério que se romperam há 11 dias em Mariana, na Região Central de Minas, chegou às 8h desta segunda-feira em Aimorés, no Vale do Rio Doce. Por onde passa, seguindo a calha do Rio Doce, a lama deixa um rastro de destruição e os aimoreenses acompanham com tristeza a mortandade dos peixes. Os 2,8 mil moradores da comunidade de Santo Antônio do Rio Doce tiveram a captação de água suspensa. Já os 25 mil moradores de Aimorés não foram comprometidos pois recebem água do Rio Manhuaçu.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, Jorge Luiz Silva, uma água amarelada começou a descer pelo Rio Doce na sexta-feira. A captação foi suspensa no distrito e retomada no domingo. “Hoje, tivemos que desligar completamente a captação com a chegada de um barro mais denso”, reclama Jorge.
A lama vai complicar ainda mais a situação do município, segundo o chefe da Defesa Civil local. É que em 10 de novembro o prefeito Alaerte da Silva já havia decretado situação de emergência em três distritos, São Sebastião da Vala, Conceição do Capim e Penha do Capim, por causa da seca. O Córrego Capim, que é afluente do Manhuaçu e abastece esses distritos, secou completamente e os moradores recebem água de caminhão-pipa.
O prefeito enfrenta outro dilema: A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Espírito Santo (OAB-ES), sugeriu à Samarco o desvio da lama de rejeitos para uma cratera da cidade, localizada às margens do Rio Doce. Alaerte da Silva divulgou nota repudiando a proposta, uma vez que o município já foi prejudicado no passado com o desvio do Rio Doce, por causa da construção de uma barragem hidrelétrica.