A Comissão Extraordinária das Barragens da Assembleia Legislativa de Minas Gerais vai continuar funcionando em dezembro e janeiro, durante o recesso parlamentar, em busca de soluções para a tragédia de Mariana. O grupo tem hoje a primeira reunião, junto com a comissão externa da Câmara dos Deputados, e define a agenda oficial de trabalho. Apesar de não ter sido aprovada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que daria mais poder de convocação, a Samarco e suas controladoras, as gigantes Vale e BPH Billiton, serão chamadas a se explicar no Legislativo. Quem garante é o deputado Agostinho Patrus Filho (PV), eleito ontem presidente da comissão.
Leia Mais
Barragem de Santarém volta a preocupar autoridades Diretor da Vale rebaixa valores de seguro de responsabilidade civil da SamarcoRecuperar estragos após rompimento de barragem levará anos, admite ValeAcordo ambiental de R$ 1 bilhão da Samarco é um dos maiores do mundoSeguro da mineradora Samarco é questionado na Câmara dos DeputadosMulta baixa e fiscalização frouxa aumentam perigo nas barragens da mineraçãoMinas tem quase 100 barragens sem fiscalizaçãoRejeitos de minérios em estado líquido podem ser uma das causas de catástrofe ambiental Ministério Público Federal vê ameaça em Paracatu após tragédia em Mariana
Segundo Agostinho Patrus, o primeiro momento será de total atenção às vítimas – até agora são 11 mortos e 12 desaparecidos, além de mais de 600 desabrigados. “Vamos cobrar das empresas o atendimento dessas pessoas, com moradia digna e um plano de recolocação, porque muitos perderam seus familiares, seus bens, pequenos negócios, plantações, animais.
Sobre a divisão na Assembleia por causa da criação da comissão especial em vez da CPI, Agostinho Patrus rebateu: “Se tivéssemos feito CPI ela paralisaria os trabalhos em 6 de dezembro, que é a data que está se enxergando como fim dos trabalhos legislativos. Já essa continua e nada impede que, em fevereiro, possamos instalar uma CPI. O que não podemos é ficar esse período crítico sem atuação”, disse.
INVESTIGAÇÕES Representantes da comissão da ALMG e da Câmara dos Deputados se reuniram com o governador Fernando Pimentel (PT), que prometeu colaborar com as investigações. No encontro, o petista sugeriu que um integrante do grupo de Brasília possa participar da coordenação interministerial que vai acompanhar a situação. “Fomos exigir celeridade na apuração dos fatos, nas reparações e punições.
ROYALTIES MENORES Em comparação a outros países, a mineração no Brasil tem baixo retorno para prefeituras e populações atingidas. Na Câmara dos Deputados, o projeto do novo marco regulatório do setor prevê que as mineradoras paguem o dobro do percentual atual: os royalties passariam de até 2% para até 4%. Até outubro, as empresas que exploram minério pagaram, por meio de royalties, R$ 1,18 bilhão aos estados e municípios, apenas um décimo do que é pago para a exploração do petróleo – R$ 11,5 bilhões. A alíquota deste setor pode chegar a 10% sobre a produção. Em comparação com outras nações, os percentuais estão defasados. Na Índia, a alíquota do minério de ferro chega a 10% e, na Austrália, 7,5%. .