A liquefação de rejeitos sólidos (transição para o estado líquido) é uma das teses investigadas como causa do estouro da barragem da Samarco. O fenômeno foi o responsável pelo rompimento de represas em países como África do Sul (Barragem de Merriespruit), Canadá (Sullivan) e Espanha (Los Frailes). Mas especialistas também apuram outras hipóteses.
Hernani Mota de Lima, professor de engenharia de minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), acredita que a liquefação possa ter sido a causa, mas pondera que no momento isso não é mais que uma hipótese. “Não há dados ainda que a comprovem. A única informação que tenho pelos dados é que a barragem não trazia sinais de ruptura”, disse.
Já o professor Carlos Barreira Martinez, coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos (CPH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), avalia que esse tipo de desastre pode ter ocorrido por vários fatores acumulados ao longo dos anos. Ele acrescenta que esse tipo de solo é muito misturado com água. Porém, alerta que é preciso cuidado para não fazer afirmativas levianas. “O momento agora é de estudar e juntar equipes, conjuntos de opiniões.”
Na tarde em que a barragem se rompeu, seis tremores de terra foram registrados na região pela Rede Sismográfica Brasileira, entre 13h01 e 15h59. O mais intenso deles, às 14h13, foi de 2,6 pontos de magnitude. Relatório do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que, “normalmente, tremores de magnitude 3 ou menores não causam danos diretamente a estruturas e construções e são sentidos apenas levemente”. Especialistas vêm afirmando que a estrutura da barragem deveria suportar eventos do tipo.
O professor da Ufop Hernani Mota de Lima avalia que a liquefação não pode ser descartada, embora os abalos tenham sido de magnitude máxima de 2,6, em razão de terem ocorrido vários seguidos.