Jornal Estado de Minas

Prefeitura de Mariana ainda não contabilizou número de doações

Até o início da tarde desta terça-feira, a prefeitura de Mariana, na Região Central Minas Gerais, já havia recebido aproximadamente R$ 415 mil em doações para as famílias desabrigadas devido a tragédia envolvendo a barragem da Mineradora Samarco. Apesar disto, a administração municipal ainda não conseguiu contabilizar a quantidade de alimentos que já foram levados por uma imensa rede de solidariedade criada pelos brasileiros após o desastre. Mesmo com a suspensão do recebimento, as doações não param de chegar aos centros de convenções.

Três contas bancárias foram criadas pela prefeitura de Mariana para que as pessoas pudessem fazer doações mesmo à distância. O dinheiro arrecadado até hoje ainda não foi usado. Quem irá decidir sobre o futuro desta verba será uma comissão de moradores dos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu, os mais afetados pelo rompimento da barragem. A fiscalização do modo como este recurso será usado deverá ser feita por integrantes da Igreja, Ministério Público, Câmara Municipal, prefeitura e moradores.

Em relação aos donativos, a prefeitura suspendeu no domingo o recebimento das doações, para poder fazer um balanço do que já foi recebido. Porém, como os donativos não param de chegar, o trabalho ainda não foi concluído.
Até agora, o único número divulgado foi o de cestas básicas: cerca de três mil já foram doadas e inúmeras pilhas de alimentos que compõem estas cestas se acumulam pelos centros de convenções.

Rodrigo Gomes Ferreira, controlador geral do município, explica que a suspensão ocorreu para que fosse feita a organização do material e, assim, evitar o desperdício. "Ainda assim estamos recebendo das pessoas que já haviam se mobilizado para entregar as doações. O povo atingido pela tragédia, que está hospedado em hotéis ou casa de parentes, se identificam nos centros de apoio e podem selecionar e levar o quiser", disse.

No fim da semana, a prefeitura doou duas carretas de água para Governador Valadares, cada um com cerca de 10 mil litros de água. Ainda assim, existe água armazenada nos centros de convenções, além de material de limpeza, roupas e calçados. De acordo com a prefeitura, os voluntários não podem trabalhar de bermuda, chinelo e saia, para evitar contaminações por alguma roupa que esteja infectada.


Na tarde de hoje, Eliana Carmo Viana, 32 anos, esteve no centro para pegar roupas e fraldas para ela e o filho de cinco meses. Eles viviam no distrito de Pedras, em Mariana, e estão em casa de parentes. Não puderam voltar por conta da queda de uma ponte que dá acesso ao local. "A situação está muito difícil, mas o atendimento está sendo bem prestado", disse. O outro filho dela, de sete anos, ainda não conseguiu voltar para a escola. Ele estudava em Águas Claras e, por falta de infraestrutura, não retornou. .