Mariana – Em visita às áreas afetadas pelo rompimento das barragens da Samarco, o senador Zezé Perrella (PDT-MG) afirmou que o marco regulatório do minério não avança porque muitos congressistas têm campanhas bancadas por mineradoras. Perrella e os senadores Wilder Morais (GO) e Sérgio Petecão (AC), da sub-comissão de mineração do Senado, visitaram nesta terça-feira as áreas atingidas pelo rompimento da barragem de rejeitos da Samarco, em Mariana.
“Grande parte do congresso é bancado por mineradoras, sim, e por isso que as coisas não andam. (As empresas) doaram porque tem seus interesses e as coisas não andam justamente por isso”, afirmou Perrella.
Matéria do Estado de Minas, no último domingo, mostrou que as mineradoras estão entre os maiores doadores da última campanha eleitoral, ocupando o quarto lugar entre os setores, atrás de alimentação, bancos e construção. Juntas, as mineradoras doaram R$ 32,7 milhões para os 15 partidos cujos candidatos disputaram uma vaga na Câmara. Somente a Vale, que tem participação na Samarco, responsável pela tragédia de Mariana, doou R$ 22,6 milhões.
“Nós queremos que aumente os royalties para os estados mineradores. O que se paga é muito pouco. O pessoal está preocupado com emprego, mas o que eles repassam para prefeituras é muito pouco. Por que vocês acham que o marco emperrou? Porque nós queremos que eles paguem mais royalties”, afirmou Perrella. “Conversei com senador Anastasia, vou falar com senador Aécio para que nós coloquemos nossas emendas de bancada a favor das vítimas da tragédia”, prometeu.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Segundo o senador Wilder Morais, presidente da sub-comissão de mineração, uma audiência pública será realizada semana que vem. “Na semana que vem teremos audiência pública, em Brasília. Vamos convidar a comunidade, a Samarco e vários envolvidos no processo para que isso não aconteça no Brasil, pois temos centenas de barragens, algumas até pior.”