Santa Cruz do Escalvado – A chalana Olga, construída há três anos para levar turistas pelo lago da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, não tem previsão de voltar a navegar. O futuro da embarcação, cujo nome homenageia a memória da mãe do proprietário, é tão incerto quanto o retorno do lazer de uma multidão acostumada a passar os fins de semana no imenso lago que se formou com as águas do Rio Doce.
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Oito famílias voltam a Bento Rodrigues para buscar pertencesMP exige dados diários sobre estabilidade de barragens'Exemplo' de gestão ambiental, Samarco coleciona histórico de infraçõesNo Espírito Santo, rejeitos da Samarco avançam pela hidrelétrica de MascarenhasAs conversas alegres deram lugar à tristeza há duas semanas, quando o tsunami de lama causado pelo rompimento da barragem do Fundão, de propriedade da Samarco, liberou mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério na natureza, no maior desastre ambiental de Minas Gerais.
O material chegou à lagoa da usina, a 100 quilômetros da barragem da Samarco, e mudou a paisagem. As margens e o leito foram ocupados por montes de minério e um incontável número de troncos e galhos. Tambores de ferro, carroça e até uma draga foram levados pela onda de lama. “A lama chegou aqui por volta das 6h de 6 de novembro (a barragem se rompeu por volta das 17h do dia anterior)”, conta Ronaldo Tuzzi, de 31 anos. O padrasto dele é o dono da Olga, a chalana. “A embarcação tem capacidade para 30 pessoas. Não sei mais quando voltará a navegar na represa”, lamenta o rapaz.
O bar que a família mantém numa das margens do leito, agora, serve apenas operários da Samarco e de terceirizadas.
Seu Zé do Baú, um senhor que mora na região há mais de cinco décadas, disse ser difícil ver a nova paisagem na represa. “Destruiu tudo”, lamentou. Charles Chaulim, de 20, não sabe quando voltará à represa.