Jornal Estado de Minas

"Cada hora falam uma coisa. Está tendo muito blá blá blá", diz morador ansioso por soluções

Presidente da Mesa de Negociação de Conflitos do governo de Minas, Claudius Vinicius Leite, diz que papel é solucionar conflitos de forma pacífica - Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press
No início da tarde desta quarta-feira, moradores atingidos pelo rompimento da barragem do Fundão participam de reunião no Centro Arquidiocesano de Pastoral, em Mariana, com representantes do Ministério Público, governo do estado, Assembleia Legislativa, Samarco e outras entidades.

O objetivo da reunião, segundo o presidente da Mesa de Negociação de Conflitos do governo de Minas, Claudius Vinicius Leite, é ouvir as principais demandas dos moradores e cobrar providências da Samarco. Também serão estabelecidas datas para próximas reuniões com os responsáveis. Leite afirma que este é só o início dos trabalhos, pois a intenção da Mesa é ouvir todos os municípios da Bacia do Rio Doce pertencentes ao estado de Minas.

Um documento contendo as principais reivindicações dos moradores de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Barra Longa, determinadas em reuniões anteriores, já foi entregue à presidente Dilma e ao governador Fernando Pimentel e, segundo Leite, a reunião desta quarta-feira tem também a missão de discutir essa pauta. "A pauta já foi entregue, mas quem deve atender é a Samarco. Extraoficialmente já sabemos que alguns pedidos já vêm sendo atendidos como acolher as famílias e ter um programa de reassentamento. Mas vamos aprofundar dentro da pauta para saber o que de fato já está sendo feito, com o quê a Samarco concorda e começar a mediação desse atendimento", afirma o presidente da Mesa.


Leite lembra que o papel da Mesa é exatamente buscar resolver conflitos de forma pacífica. "É um espaço aberto à negociação entre as partes envolvidas, na busca de um acordo que atenda os dois lados", diz.

Antônio Marcos de Souza, de 43 anos, é pedreiro, morador de Bento Rodrigues. Ele reclama da demora nas soluções. "Um fala uma coisa, outra fala outra. Antes falaram que todos iriam para casas. Que cada dia iriam cinco famílias.
Isso não aconteceu. Tem família só em hotel. A gente está acostumado com hortinha e aqui a vida está ficando cara. Estamos preocupados com esse salário que está prometido e não vem", desabafa.

Antônio de Souza diz que está sobrevivendo com doações, mas sua preocupação maior é com os idosos. "Eu tenho como trabalhar, mas tem famílias que são de idosos e que precisam desse dinheiro. Não sei se é pouco caso. Não sei o que está acontecendo.
É muito blá blá blá", afirma. Ele lembra que muitas pessoas tiravam o sustento das fazendas em que viviam e várias perderam dinheiro, que não estava em banco. "Parece até piada, mas muita gente guardava dinheiro no colchão mesmo", diz. "E agora perderam tudo", continua.

O deputado Rogério Correia (PT), que participa da reunião, admite que uma das principais reclamações é com relação à moradia provisória. "As pessoas estão em pousadas, muito mal alojadas", observa. Ele explica que o papel da Assembleia na reunião é fazer um relatório com as exigências, que terão que ser cumpridas pela Samarco. Caso contrário, é papel do Ministério Público entrar na Justiça. Nessa quinta-feira, será feita uma visita às barragens de Santarém e Germano, que correm risco de rompimento, quando técnicos, junto com o parlamentar, deverão avaliar os riscos. .