Choveu ontem em Belo Horizonte 29% do esperado para novembro e os temporais devem continuar pelos próximos cinco dias, segundo o Instituto TempoClima PUC Minas. Em algumas regiões da capital, moradores, comerciantes e motoristas entraram em pânico por causa do alagamento de ruas e avenidas e aumento do nível de rios e córregos. Por volta das 5h45, equipes de plantão da BHTrans precisaram fechar a pista da Avenida Tereza Cristina, no sentido Centro, no Bairro Calafate, Região Oeste. O trânsito foi desviado devido ao nível do Ribeirão Arrudas, que subiu demais e atingiu a altura da mureta de proteção. Motoristas ficaram assustados com a força da correnteza, que ameaçava invadir a pista e fugiram na contramão.
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Chuva alaga Instituto de Educação de Minas Gerais, no Centro de BHChove em BH quase 30% do esperado para novembroChuva causa alagamentos e deixa trânsito lento em diferentes pontos de BHChuva em BHChuva volta a causar alagamentos e quedas de árvores em Belo HorizonteDuas pessoas ficaram ilhas dentro dos seus veículos no Bairro São Joaquim, em Contagem, Grande BH, e no Bairro Itatiaia, na Pampulha. O muro de um prédio caiu no Bairro Jardim América, Região Oeste. Um córrego transbordou e trouxe riscos para imóveis no Bairro Buritis, Região Oeste. Os bombeiros atenderam duas ocorrências de queda de árvores.
O temporal de ontem, que durou das 4h30 às 9h20, foi mais um alerta do que a capital pode enfrentar com a temporada de chuvas que começou oficialmente. Em 28 de outubro, uma tempestade ainda mais forte surpreendeu a todos, inclusive o Corpo de Bombeiros.
Apesar do transtorno e dos riscos eminentes, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) disse estar preparada e disse que desde 6 de outubro está sob alerta para enfrentar a chuva. Até março de 2016, segundo o órgão, haverá reuniões semanais com o Grupo Executivo de Áreas de Risco (Gear), que envolve vários setores da prefeitura no monitorando e balanço sistemático do que ocorre na cidade.
A Comdec informou ainda que há uma parceria com o Corpo de Bombeiros na capacitação de autoridades e comunidades para ações em caso de desastre. Lembrou a existência dos chamados Núcleos de Alerta de Chuva (NAC), compostos por pessoas da comunidade, e os Núcleos de Defesa Civil (Nudec), formados por cidadãos e técnicos que contribuem com ações preventivas nas áreas de risco. Além disso, informou que orienta e presta socorro imediato nas situações de emergência e calamidade.
Atualmente, segundo a Comdec, são 49 núcleos e 410 voluntários, abrangendo 56 comunidades, em vilas e aglomerados da cidade.
A Defesa Civil disse ter emitido onze alertas de riscos das 6h20 às 10h50 de ontem. As mensagens de perigo foram enviadas via mensagens em celulares e redes sociais para a imprensa e fiscais da chuva que fazem parte do Gear. A Comdec informou que tem medidores de volume na maioria dos rios e córregos da capital, com sensores eletrônicos, e que eles avisam quando há risco de transbordamento. Ontem, segundo a Comdec, o maior volume de chuva na capital foi registrado na Região Oeste, 75,5 milímetros, seguida pela Regional Nordeste (73,2 mm), Leste (71 mm), Centro-Sul (64,6 mm), Norte (61 mm), Noroeste (60,2 mm), Pampulha (56 milímetros), Venda Nova (51,6 mm) e Barreiro (27,6 mm).
Obras no Onça e Pampulha
Ao participar do Fórum Vida Urbana, na manhã de ontem, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) afirmou que “alagamentos sempre existem em BH”, desde o início da vida da cidade, mas que a prefeitura está investindo “muito” em ações para evitá-los. “A cidade já investiu mais de R$ 1 bilhão em obras para evitar alagamentos. Tem outros R$ 500 milhões em obras acontecendo neste momento e mais R$ 1 bilhão em obras para iniciar com projetos muito avançados”, disse.
Lacerda afirmou ainda que a PBH lançará, em dezembro, um edital de R$ 400 milhões para “atacar o problema de alagamentos na Avenida Cristiano Machado, na região dos ribeirões Pampulha e do Onça”.
Segundo Lacerda, os alagamentos se agravaram com a contínua urbanização e a ocupação das margens dos córregos de forma irregular. “Então, há muito o que investir e o planejamento urbano existe para isso, para evitar que se ocupem áreas inadequadas à vida humana”.
Trânsito travado por todo lado
Os reflexos do temporal foram sentidos no trânsito até o meio da tarde, devido aos semáforos que continuavam desligados ou em flash. O transtorno se espalhou por todas as regiões da cidade, segundo a BHTrans. “A chuva foi bem distribuída e houve picos de energia”, justificou a empresa de trânsito.
No Bairro Nova Gameleira, Região Oeste, o trânsito foi desviado na Rua Cândido de Souza, no sentido Cemitério Parque da Colina, devido a queda de árvore. Por causa de alagamentos, houve retenção no trânsito nas avenidas Waldir Soeiro Emrich, Cristiano Machado, Antônio Carlos, Raja Gabaglia, Nossa Senhora do Carmo, Pedro II, Vilarinho, Rua Padre Pedro Pinto, na Região de Venda Nova, e no Viaduto Oeste, sentido Centro.
A BHTrans informou que não tem como antecipar o fechamento de vias diante do alerta de temporais, que isso cabe à Defesa Civil, mas que o seu acionamento para resolver problemas no trânsito é rápido por conta do Centro de Operações da Prefeitura (COP), que funciona dentro das suas instalações. No setor, de onde são monitoradas as câmeras de vigilância do sistema Olho Vivo, há representantes de vários órgãos, como Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Guarda Municipal e polícias Civil e Militar, todos interligados no monitoramento da cidade. Em caso de queda de árvores, cabe aos bombeiros a desobstrução da via, segundo a BHTrans.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) disse que nos últimos anos vem executando intervenções de prevenção e combate a inundações, que já investiu R$ 1,29 bilhão em empreendimentos concluídos desde 2009 ou em andamento, além de ter assegurado mais R$ 1 bilhão para a execução de outras obras. “Entre 2010 e 2015, foram concluídas, por meio da Sudecap, mais de 60 obras de drenagem, tratamento de fundos de vale e contenção de encostas para evitar risco de inundação e escorregamento de encostas”, informou. (PF).