Jornal Estado de Minas

Resgate de animais não pode ser feito de forma aleatória, diz promotora


O resgate de animais nas áreas afetadas pela lama decorrente do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, em 5 de novembro, é uma preocupação do Ministério Público de Minas Gerais, que espera que seja feito o mais breve possível um dignóstico sobre onde pode haver animais ilhados e necessitando de resgate. Tão logo seja feito o dignóstico, providências serão cobradas da Samarco.



Segundo a promotora Luciana Imaculada de Paula, coordenadora do Grupo Especial de Defesa da Fauna do MP, existe uma preocupação para que o resgate não seja feito de forma aleatória. Ela informa que fez um pedido para a realização de um diagnóstico, por sobrevoo ou por terra, para que seja feito o monitoramento de possíveis áreas com animais ilhados. "Precisamos que sejam prestados cuidados e feito o resgate desses animais", diz.
"Nossa preocupação é porque os animais dependem de alimentação, de água e de cuidados veterinários para não morrerem. E essas ações não podem demorar. Isso tem que ser realizado de forma imedidata, ainda esta semana", continua a promotora.

Luciana também não descartou a possibilidade de se pedir um levantamento com os sobreviventes sobre os animais perdidos. "Seria o ideal, pois as pessoas sabem que animais tinham. Isso ajudaria na análise", afirma.
Conforme a promotora, uma vez feito o diagnósitco, será apresentado à Samarco para que a empresa desenvolva as ações necessárias, inclusive com a designação de pessoas para darem suporte à essa primeira tarefa de cuidados e resgate. "Faz parte da responsabilidade da empresa , devido aos danos ambientais que o rompimento da barragem causou. Sabemos que já existem locais que estão recebendo os animais resgatados. Mas nossa preocupação é com o resgate", continua.



BAIXA ALTITUDE Também a Comissão de Proteção dos Animais da Assembleia solicitou formalmente aos bombeiros militares um sobrevoo nas regiões atingidas pelos rejeitos da barragem da Samarco para localizar os animais de grande e pequeno porte que ainda estão ilhados em áreas rurais na região de Mariana. O apelo é para que, assim como as buscas por desaparecidos continuam, o trabalho de resgate dos animais possa avançar para os lugares mais difíceis. Segundo o presidente da comissão, deputado Noraldino Junior (PSC), é preciso que haja um voo em baixa altitude para que seja feito um georeferenciamento e verificado em que condições estão os bichos e qual o aparato necessário para retirá-los de onde estão.

O deputado disse que tem conversado com os bombeiros e, desde o início pediu uma filmagem. Apesar de mais de 200 animais já terem sido resgatados em terra, Noraldino considera que os voos realizados são muito altos para detectar os animais. “Os bombeiros em terra estavam fazendo resgate e sabemos que a prioridade eram os desaparecidos. Porém nada impediria que pelo menos um técnico fosse destacado para isso. Tem muitas comunidades rurais e não houve um planejamento de trabalho”, afirmou.

Além do requerimento para a busca aérea, feito nesta quarta-feira à Comissão Extraordinária das Barragens, Noraldino diz que foi feito um segundo pedido. A comissão dos animais quer incluir no Termo de Ajustamento de Conduta do Ministério Público com a Samarco, controlada pelas gigantes Vale e BHP Billiton, uma compensação também para a fauna, já que foram muitos bichos mortos em razão da tragédia. Segundo Noraldino, a Samarco poderia financiar programas de castração e controle populacional. “Seria um acordo inédito e o MP acha que vai ser viável a Samarco pagar um programa desses”, afirmou.



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