Eduardo Nery, especialista em desenvolvimento sustentável e diretor da Energy Choice, empresa de consultoria e de desenvolvimento de negócios, afirma que as condições de segurança de maneira geral da mineração brasileira deram um salto grande. Entretanto, há pontos de fragilidade e vulnerabilidade. “As barragens são exatamente um desses pontos frágeis. Elas são semelhantes a um fusível, que a qualquer momento pode se queimar ou romper”, compara. Nery ressalta que as barragens de energia no Brasil são monitoradas em tempo real e algumas até chegam a ter sismógrafos, o que não acontece com grande parte das barragens da mineração. “Já imaginou se uma Itaipu se romper? Seria uma catástrofe sem tamanho. Da mesma forma, as barragens mereciam uma atenção especial das mineradoras. Há toda uma instrumentação que mede a parte de vibração, da intensidade, que é capaz de revelar se ela terá condições de risco”, informa.
Eduardo Nery cita o exemplo do Furacão Sandy, que atingiu, em 2009, a Costa Leste norte-americana, incluindo, Nova York. Na época, o prefeito da cidade adquiriu um programa de monitoramento que podia antecipar a ocorrência de furacões. “Quando a tempestade foi identificada, a prefeitura conseguiu em oito horas evacuar cerca de 2,5 milhões de pessoas. Claro que houve destruição, mas praticamente não houve mortos. Isso é apenas um exemplo do que um plano de resiliência pode fazer”, acrescenta. O especialista lamenta que uma atividade que responde por quase 38% da economia nacional não tenha sequer uma agência reguladora, o que acaba dificultando a fiscalização. “Temos agência de tudo. Água, petróleo, energia, vigilância sanitária e na mineração há apenas um Departamento que é o Departamento Nacional de Produção Mineral. Isso me assusta e deveria ser revisto”, critica.