O município de Galileia, de 7 mil habitantes, no Leste do estado, passou a enfrentar, desde ontem, o aumento dos casos de diarreia e vômitos. De acordo com a secretária de Saúde do município, Marimárcia Gonçalves Santos, o problema de saúde é decorrente do consumo de água de má qualidade, diante da dificuldade de abastecimento enfrentada na cidade, impedida de fazer a captação no Rio Doce, atingido pela lama de rejeitos de minério que vazaram da barragem da Samarco em Mariana.
De acordo com a secretária, somente ontem 15 pessoas apresentaram diarréia e vômito na cidade. “Mas esse número para nós já é alto, diante da nossa capacidade de atendimento, que é limitada”, disse. Ela relatou que a estrutura de saúde de Galileia se resume a um pequeno hospital, que, na prática, equivale a um posto de saúde. Porém, a preocupação maior com um possivel o aumento dos casos é que o estoque soro reidradante e soro fisiológico já acabou. “Comuniquei o fato à Secretaria de Estado de Saúde, que ficou de nos ajudar”, afirmou.
“Com os problemas no abastecimento, as pessoas de baixa renda e de pouca instrução passaram a consumir água retirada de cisternas e córregos de qualquer jeito, sem tratamento . Daí surgiram os casos de diarreia e vômito”, disse Marimárcia. Ela salientou que um agravante é o calor na região, que faz com que as pessoas tenham mais necessidade de ingerir liquido, aumentando assim a possiblidade de uso de água sem tratamento. O sistema de abastecimento local é administrado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da prefeitura.
Com a interrupção da captação da água do Rio Doce, a população de Galileia está sendo abastecida por caminhões-pipa. A água tratada é buscada em Conselheiro Pena (a 30 quilômetros de distância). Os caminhões-pipa foram cedidos pela Samarco, em atendimento à determinação judicial, que também faz a entrega de água mineral na cidade.
“Mesmo com a água tratada dos caminhões-pipa e a distribuição de água mineral, muitas pessoas acabam consumindo água sem nenhum tratamento, por falta de instrução. O problema que não temos pessoal suficiente para orientar os moradores de que não podem beber água sem tratamento”, argumentou Marimárcia.